Um dia depois do fim de acordo, EUA dizem querer colocar mísseis na Ásia
Os Estados Unidos querem enviar rapidamente novos mísseis para a Ásia, se possível já nos próximos meses, para conter o crescente poder da China na região, anunciou hoje o novo líder do Pentágono, Mark Esper, adiantou a AFP.
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"Sim, gostaria muito de o fazer", declarou o secretário da Defesa norte-americano, depois de questionado sobre a possibilidade de os EUA enviarem para a Ásia novos mísseis de médio alcance, agora que já não estão abrangidos pelo Tratado de Armas Nucleares de Médio Alcance (INF, na sigla inglesa).
Mark Esper acrescentou que os EUA gostariam de o fazer "o mais rapidamente possível", em declarações ainda no avião que o levou até Sydney, a primeira etapa de um périplo de uma semana pela Ásia.
O chefe do Pentágono disse que gostaria de falar em meses, mas admitiu que este é o tipo de matéria "que tem tendência a demorar mais do que o previsto".
Escusou-se ainda a precisar onde podem vir a ser colocados os mísseis, por ser um tema a ser discutido com os aliados.
O Tratado INF, assinado pelos EUA e pela Rússia, chegou na sexta-feira ao fim, depois de vigorar por 30 anos, tendo sido um dos mais importantes acordos saídos do final da Guerra Fria.
Os EUA acusaram a Rússia de ter violado o acordo e de ser "a única responsável" pelo seu fracasso, acusações que os russos devolveram a Washington.
A Rússia já tinha revelado ter proposto aos Estados Unidos uma moratória sobre o fim do tratado.
Washington havia suspendido a sua participação no pacto no início de fevereiro, acusando a Rússia de fabricar mísseis não permitidos.
A suspensão abriu um período de transição de seis meses que leva à retirada total dos Estados Unidos hoje e, portanto, à morte do tratado.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que as autoridades russas não agarraram, nos últimos seis meses, a sua "última oportunidade" de salvar o acordo.
Diversas conversações mantidas entre os dois poderes rivais desde fevereiro não tiveram sucesso.
"Os Estados Unidos levantaram as suas preocupações com a Rússia desde 2013", lembrou Mike Pompeo, que se orgulha do "total apoio" dos países membros da NATO.
Entretanto, Moscovo "sistematicamente rejeitou por seis anos os esforços dos EUA para que a Rússia respeitasse novamente" o texto, acrescentou Pompeo.
Assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov, então presidentes dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, respetivamente, o tratado INF aboliu o recurso a um conjunto de mísseis de alcance (intermédio) entre os 500 e os cinco mil quilómetros e pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a instalação dos SS-20 soviéticos, visando capitais ocidentais.
Em finais de outubro de 2018, o Presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a Rússia de não respeitar os termos do tratado e ameaçou então sair deste acordo histórico.
O fim do Tratado INF poderá abrir uma nova corrida ao armamento.
A NATO repetiu as acusações americanas a Moscovo e prometeu resposta aos novos mísseis russos.
A União Europeia instou EUA e Rússia a reduzirem os seus arsenais depois do fim do Tratado INF.
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