"Amanhã [sexta-feira] tenciono demitir-me das funções de presidente da Dieta", anunciou aos jornalistas, assegurando, no entanto, que não violou a lei nas suas deslocações.
O responsável falou à imprensa na sede do partido, o Lei e Justiça (PiS), no poder, ao lado do líder, Jaroslaw Kaczyinski.
O escândalo, que os 'media' polacos designam por "Air Kuchcinski", foi divulgado por opositores do PiS, segundo os quais o presidente do parlamento, segunda figura do Estado, viajava frequentemente num jato oficial de Varsóvia para a sua cidade natal, Rzeszow, cerca de 280 quilómetros a sul da capital.
Documentos apresentados pelos opositores indicam ainda que, nos últimos anos, Kuchcinski utilizou jatos, helicópteros e aviões militares para cerca de uma centena de viagens não oficiais, realizadas sobretudo ao fim de semana.
Em 23 dessas viagens, estava acompanhado de membros da família.
O responsável apresentou publicamente desculpas na segunda-feira, apesar de insistir que agiu "em conformidade com a lei", e admitiu que, em pelo menos uma ocasião, a mulher viajou num avião oficial sem que ele estivesse a bordo.
"Estou consciente de que a opinião pública avalia negativamente o meu comportamento e por essa razão peço desculpa a todos os que se sentiram ofendidos", disse.
Na conferência de imprensa de hoje, o líder do partido também assegurou que Kuchcinski não violou qualquer lei, mas que o partido entendeu que deveria dar resposta à indignação da opinião pública e mostrar que se rege por elevados padrões éticos.
Kaczynski disse que o problema está na ausência de regras claras sobre o uso de aviões oficiais e referiu que o ex-primeiro-ministro Donald Tusk, atualmente presidente do Conselho da União Europeia (UE), viajou várias vezes com a mulher em aviões do Estado entre Varsóvia e a sua cidade natal, Gdansk.
Kaczynski concluiu assegurando que vão ser aprovadas "regras apertadas" em breve.
Marek Kuchcinski, 63 anos, preside à Dieta desde 2015 e é considerado um dos mais próximos colaboradores de Jaroslaw Kaczyinski.
O PiS, conservador, venceu as eleições de 2015 após uma campanha que teve como um dos temas centrais a promessa de pôr fim aos abusos de poder.
A Polónia realiza eleições legislativas dentro de dois meses, a 13 de outubro.