Segundo um comunicado do governo local, citado pela agência espanhola Efe, a distribuição de alimentos e o funcionamento de bancos, mercados e lojas está a decorrer sem contratempos.
O trânsito "circula sem problemas na cidade de Srinagar", principal cidade do território, e "todas as instituições de saúde, a nível primário, secundário e terciário, estão a funcionar em pleno", detalha o comunicado.
"Estamos a instalar 300 cabines telefónicas para ajudar a população a comunicar com os seus familiares", acrescenta o executivo, sem adiantar quando levantará as restrições às comunicações e à internet, que permanecem cortadas pelo sétimo dia consecutivo.
Segundo noticia a agência AP, o administrador de Srinagar, Shahid Choudhary, referiu, na rede social Twitter, que mais de 250 máquinas ATM estão a funcionar e as agências bancárias abriram para as pessoas poderem levantar dinheiro, na véspera da festa islâmica Eid al-Adha (Caxemira é uma zona predominantemente muçulmana).
Ainda que a maioria dos órgãos de informação não tenha podido transmitir imagens a partir do território, o governo local difundiu vários vídeos mostrando pessoas nos mercados e veículos a circularem.
Porém, o New Delhi Television News divulgou um vídeo de carros-patrulha, apetrechados com altifalantes, dando indicações às pessoas para regressarem a casa e aos comerciantes para fecharem as lojas.
Segundo o mesmo canal de notícias, tal poderá dever-se aos confrontos esporádicos registados em Srinagar, depois do alívio das restrições decretado no sábado.
As restrições foram aliviadas pela primeira vez na sexta-feira, durante um breve período, em que os habitantes puderam deslocar-se às mesquitas para rezarem.
Segundo testemunhos recolhidos pela Efe, uma manifestação realizada na sexta-feira, que terá reunido cinco mil pessoas, obrigou à intervenção policial -- episódio que o Governo indiano nega que tenha acontecido. "Esses relatos são falsos. Não houve tal incidente. O vale de Caxemira manteve-se tranquilo toda a semana", frisou o inspetor geral da polícia, S.P. Pani, num vídeo difundido nas redes sociais.
"Não houve um só disparo em Caxemira", frisou a polícia, em comunicado, enquanto funcionários de um centro de saúde local asseguraram à agência Efe que prestaram assistência a pelo menos três manifestantes feridos, dois deles com lesões causadas por armas de fogo.
Na segunda-feira, o Governo indiano, liderado pelos nacionalistas, anunciou a revogação do estatuto constitucional especial de Caxemira, território disputado entre Índia e Paquistão.
O Governo de Nova Deli decidiu também dividir o estado em duas regiões, uma que integra Caxemira, de maioria muçulmana, e Jammu, de maioria hindu, e outra Ladakh, de maioria budista.
Na sequência da decisão, a Índia impôs uma série de restrições de segurança ao território e reforçou o contingente militar em Caxemira com mais 25 mil militares.
O território de Caxemira, situado nos Himalaias, é reivindicado na íntegra pelo Paquistão e pela Índia e dividido entre ambas as potências nucleares, que já travaram duas guerras pelo domínio deste estado.
O Paquistão reagiu à decisão indiana anunciando que vai pedir a intervenção das Nações Unidas, por considerar que a decisão viola as normas internacionais que se aplicam aos territórios disputados.
Islamabad decidiu também reduzir o nível das relações diplomáticas com a Nova Deli, com a expulsão do embaixador indiano no Paquistão, a suspensão do comércio bilateral e a revisão de todos os acordos bilaterais.
Na sexta-feira, milhares de pessoas protestaram em várias cidades do Paquistão contra a decisão da Índia.