Recentes relatórios de grupos de reflexão, das Nações Unidas e do Pentágono descrevem uma organização que continua ativa, dispondo de milhares de combatentes, de milhões de dólares e de uma rede de propaganda e de apoio mundial, segundo a agência France Presse.
"O EI está bem vivo e de boa saúde no Iraque e na Síria", indica um relatório intitulado "Não falem de regresso: a persistência do Estado Islâmico" do grupo de reflexão nova-iorquino Soufan Center.
O relatório considera ser "claro que o EI tem condições para manter a sua insurreição num futuro previsível", adiantando que "não se trata do seu regresso ao Iraque e à Síria" porque "o grupo e os seus membros nunca partiram".
A perda progressiva do território que o grupo radical controlava face a uma poderosa coligação internacional, não foi acompanhada de uma fuga ou desmobilização dos seus combatentes, mas de uma dispersão, de uma passagem à clandestinidade favorecida pela má governança das zonas libertadas, a retirada parcial das forças norte-americanas e as divisões entre os seus adversários.
O inspetor-geral do Pentágono considera num relatório divulgado na terça-feira que "ainda que tenha perdido o seu 'califado', o EI reforçou as suas capacidades de revolta no Iraque e retomou as suas atividades na Síria neste trimestre".
O grupo 'jihadista' conseguiu "reagrupar e apoiar operações" naqueles dois países em parte porque as forças locais "continuam incapazes de manter operações de longo prazo, de conduzir operações simultâneas ou de guardar o território que libertaram", adianta.
Num relatório de meados de julho, o Conselho de Segurança da ONU considera igualmente que "o EI adapta-se, consolida-se e cria as condições para uma eventual ressurgência nos seus bastiões no Iraque e na Síria".
"O processo está mais avançado no Iraque, onde o seu líder Abu Bakr al-Baghdadi e a maioria dos seus dirigentes estão agora", adiantam os especialistas das Nações Unidas.
Os autores dos vários relatórios assinalam a existência no Iraque como na Síria de zonas mal controladas pelas autoridades, nas quais o EI se pode reconstituir, bem como de células clandestinas que recorrem a assassínios dirigidos, a atentados, a emboscadas e a ameaças para fragilizar os seus inimigos.
Um exemplo: uma campanha de incêndios de colheitas tem estado a decorrer em várias regiões para minar a autoridade dos poderes locais e demonstrar a sua incapacidade em controlar e reconstruir zonas devastadas pela guerra.
Segundo o grupo de reflexão Rand Corp, que analisou "as finanças e as perspetivas da organização extremista Estado Islâmico após o califado", o grupo poderá dispor ainda de um "tesouro de guerra" de mais de 400 milhões de dólares, escondido de diversas formas, na Síria, no Iraque e nos países vizinhos.
"Se o EI prevê um regresso, como pensamos ser o caso, vai confiar na receita que funciona: diversificar a sua carteira financeira para dispor de um financiamento fiável e estável", considera a Rand.
"O seu talento para se financiar através de atividades criminosas vai revelar-se útil: os seus membros vão roubar, raptar, matar, traficar para conseguir o dinheiro necessário à sua sobrevivência", adianta.
Num vídeo divulgado no domingo pelo seu órgão de propaganda, o grupo radical Estado Islâmico promete intensificar o "combate" contra a coligação dirigida pelos Estados Unidos e os seus aliados curdos.
"O fogo da batalha entre nós e eles foi reacendido e vai intensificar-se", ameaça o EI, sob um fundo de imagens de execuções.