Dois anos depois da tentativa de independência desta região espanhola, os separatistas catalães vão tentar mostrar que continuam unidos, apesar de, nos últimos meses, se terem mostrado divididos.
Os partidos separatistas continuam a ser responsáveis pelo Governo catalão, depois de terem voltado a ganhar as eleições regionais realizadas em dezembro de 2017.
A Diada assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha Filipe V em 1714, depois de um cerco de 14 meses, mas o dia tem sido utilizado nos últimos anos para defender a causa da independência, com imagens, que passam em televisões de todo o mundo, de uma concentração ordeira e de grandes dimensões.
A manifestação organizada pelo movimento independentista ANC (Assembleia Nacional Catalã) vai realizar-se quarta-feira à tarde na Praça de Espanha de Barcelona com o slogan "Objetivo independência" que aparece nas t-shirts vendidas um pouco por toda a região, nomeadamente nalguns supermercados.
A manifestação anual, que chegou a mobilizar mais de um milhão de pessoas, parece ter perdido alguma força este ano, com a falta de clareza sobre a estratégia dos movimentos separatistas para continuar a lutar pela autodeterminação da região.
As forças independentistas têm aumentado nos últimos dias os seus apelos à participação na grande manifestação, que é apresentada como o prelúdio das mobilizações para responder à sentença, prevista para meados de outubro, dos líderes independentistas acusados de terem tentado dividir a Espanha.
Ao todo são 12 os independentistas que estão a ser julgados pelo seu envolvimento nos acontecimentos que levaram ao referendo ilegal sobre a autodeterminação da Catalunha realizado em 01 de outubro de 2017 e à declaração de independência feita no final do mesmo mês.
Nove deles estão presos, alguns há quase dois anos, acusados de "rebelião" e arriscam-se a ser condenados a penas de até 25 anos de prisão, como é o caso do ex-vice-presidente do Governo catalão Oriol Junqueras.
O ex-presidente do executivo regional Charles Puigdemont faz parte de um grupo de separatistas que continuam fugidos no estrangeiro e não estão a ser julgados, porque a Espanha não julga pessoas à revelia.
O aumento da tensão na Catalunha poderá ter um efeito desestabilizador em Espanha, com o país politicamente bloqueado depois das eleições legislativas realizadas em 28 de abril último.
O PSOE ganhou essa consulta com menos de 30% dos votos e o seu líder e atual primeiro-ministro do Governo de gestão não conseguiu ainda reunir os apoios necessários para formar um novo executivo estável.
Pedro Sánchez tem até segunda-feira, 23 de setembro, daqui a menos de duas semanas, para evitar que o rei dissolva o parlamento e marque eleições para 10 de novembro próximo.