A história das duas meninas de 10 e 8 anos que viram a mãe morrer esfaqueada, na terça-feira, às mãos do pai, em Madrid, é apenas mais uma para somar à mão cheia de casos a que Espanha assistiu só este ano.
"Salvem a minha mamã, salvem-na, por favor", gritou a menor mais velha, a parir da varando do 3.º andar de uma rua da Ciudad Lineal, em Madrid, quando percebeu que a sua mãe, de 31 anos, estava a ser esfaqueada pelo pai à porta de casa, relata o El Mundo. O homicida, de 43 anos de idade, foi detido e a mulher, de 31, morreu, com seis facadas.
Menos de dois dias antes, outras duas crianças, de 4 e 7 anos de idade, estavam a preparar-se para ir para a escola quando viram o pai balear mortalmente a mãe, a tia e a avó, em Pontevedra. O pai entregou-se às autoridades, quase toda a família morreu.
A publicação espanhola debruçou-se sobre este tipo de casos, no âmbito da violência doméstica, que são especialmente traumatizantes para as crianças. Referindo que são contabilizadas, desde 2013, quantas crianças ficam órfãs à mercê da violência doméstica, o El Mundo sublinha que não há estatística para quantas destas crianças são expostas ao trauma de forma direta, assistindo à morte da mãe.
Segundo o jornal, em Espanha, nos últimos 12 meses, pelos menos 11 crianças assistiram à morte da progenitora às mãos do pai. O número sobe para 22 crianças se foram contados os últimos 24 meses.
"Estas crianças enfrentam uma dor dupla: a dor pela pessoa ou pessoas - como no caso de Pontevedra - que foram assassinadas e, por outro lado, a dor de ver um progenitor associado a essa violência brutal, para além do trauma de o testemunhar", indicou Raquel Castro, psicóloga infantojuvenil, à mesma publicação.
Recorde-se que este ano já morreram 43 mulheres em Espanha, número superior ao período homólogo, de acordo com o apurado pela Delegação do Governo para a Violência de Género.