Líder supremo do Irão critica "clara hostilidade" de alguns europeus
O líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, criticou hoje "a clara hostilidade" de alguns países europeus "em relação à nação iraniana", segundo o seu 'site' oficial.
© Reuters
Mundo Ali Khamenei
"Os europeus apresentam-se como mediadores e falam muito, mas são todos ocos", declarou Khamenei.
As declarações do ayatollah Khamenei ocorrem após falhar uma tentativa europeia, conduzida pela França, de acalmar a tensão entre Teerão e Washington, mas também depois de Berlim, Paris e Londres terem imputado ao Irão a "responsabilidade" dos ataques de 14 de setembro contra infraestruturas petrolíferas na Arábia Saudita.
Khamenei recordou que o Irão pode negociar com o mundo inteiro à exceção "da América (EUA) e do regime sionista (Israel)".
"Não devemos confiar nos países que agitaram a bandeira da inimizade contra o islão", disse o líder supremo iraniano, nomeando "em primeiro lugar a América e certos países europeus porque exibem uma clara hostilidade em relação à nação iraniana".
A França tentou nas últimas semanas uma mediação para permitir um encontro entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo iraniano, Hassan Rohani, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, a decorrer em Nova Iorque.
Mas a partir da tribuna da ONU, Rohani excluiu na quarta-feira qualquer encontro com Trump esta semana em Nova Iorque.
"Em nome da minha nação, quero anunciar que a nossa resposta a qualquer negociação enquanto houver sanções é negativa", declarou o presidente iraniano.
Assinado em 2015 entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), mais a Alemanha, o acordo previa o levantamento de sanções internacionais em troca de limitações e maior vigilância do programa nuclear da República Islâmica.
Em maio de 2018, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo e restabeleceu sanções devastadoras para a economia iraniana. Desde então a tensão entre os dois países não tem deixado de subir.
Os europeus, a China e a Rússia mantêm o seu compromisso em relação ao acordo, mas não têm sido capazes de ajudar o Irão a contornar as sanções norte-americanas para beneficiar das vantagens económicas que o pacto lhe prometia trazer.
"Eles não mantiveram nenhum dos seus compromissos e há todos os motivos para não confiar neles", lamentou hoje Khamenei, denunciando a incapacidade dos europeus de se afastarem da sua "natureza arrogante".
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