O príncipe herdeiro da Arábia Saudita admitiu esta quinta-feira ter responsabilidade no homicídio do jornalista Jamal Khashoggi, que ocorreu o ano passado a cargo de operacionais sauditas. "Porque aconteceu sob minha alçada", admite Mohammed bin Salman a um documentário da PBS que vai estrear na próxima semana.
Esta é a primeira vez que o príncipe herdeiro indicou ter culpa pessoal na morte que ocorreu no interior do consulado saudita em Istambul, na Turquia, levada a cabo por operacionais vistos como sendo próximos do príncipe.
Um total de 11 suspeitos foram acusados, incluindo cinco que podem ser condenados à morte por terem “ordenado e cometido o crime”.
As declarações surgem quase um ano após a macabra morte de Khashoggi e o príncipe admite ter tido um papel atendendo a ser o homem forte do governo saudita, há já vários anos, depois de o pai o ter nomeado seu herdeiro.
A CIA e alguns governos ocidentais chegaram a admitir acreditar que tinha sido uma morte encomendada pelo próprio príncipe, mas os responsáveis sauditas sempre negaram que tivesse tido alguma responsabilidade no caso.
Desde o incidente que gerou indignação mundial, a imagem de Mohammed bin Salman não foi a mesma nem tão pouco se realizaram os seus planos para diversificar a economia e abrir a sociedade saudita. Desde então não visitou os Estados Unidos ou a Europa.
"Aconteceu sob a minha alçada. Fico com toda a responsabilidade, porque aconteceu sob a minha alçada", é possível ver num teaser do canal norte-americano.
Questionado pelo jornalista da PBS, Martin Smith, sobre como poderia acontecer sem que soubesse. Mohammed bin Salman referiu que a Arábia Saudita tem "20 milhões de pessoas e que há 3 milhões de funcionários governamentais".
Em reação às declarações do príncipe Mohammed a noiva do jornalista, Hatice Cengiz, citada pela Reuters, diz que esta confissão faz com quem o membro da família real se esteja a "distanciar da morte do Jamal". "Ele está a dizer que aconteceu sob a sua alçada, mas isso significa que não está envolvido no crime", refere.
"A declaração é puramente uma manobra política", rematou.
Recorde-se que Jamal Khashoggi era um colunista do Washington Post e foi visto pela última vez a entrar no consulado saudita em Istambul a 2 de outubro, onde se tinha dirigido para tratar de papéis para o seu casamento. Após a morte, o seu corpo terá sido desmembrado e removido do edifício, mas os restos mortais nunca foram encontrados.
O documentário, entitulado 'The Crown Prince of Saudi Arabia' tem data de estreia marcada para 1 de outubro.