O fator mais determinante na evolução dos próximos dias será a sentença dos 12 independentistas acusados de terem contribuído para a organização do referendo ilegal e da tentativa de secessão, que deverá ser divulgada antes de 16 de outubro próximo.
Os separatistas continuam a defender a absolvição dos acusados, nove dos quais se encontram em prisão preventiva, e a sua condenação deverá levar a manifestações de repúdio promovidas pelos movimentos independentistas.
Para o aumento do ambiente de tensão na Catalunha contribuiu ainda a decisão tomada por um tribunal na passada quinta-feira de manter na prisão sete dos nove independentistas catalães detidos três dias antes por suspeitas de estar a planear ações violentas.
Na última sexta-feira, o Governo espanhol também decidiu "impugnar" várias resoluções aprovadas um dia antes pelo parlamento catalão de maioria independentista que defendem a legitimidade da desobediência civil e institucional e pedem a retirada da Guardia Civil da região.
Os partidos independentistas fizeram-se valer da sua maioria na assembleia para aprovar uma proposta que defende "a legitimidade da desobediência civil e institucional como instrumentos de defesa dos direitos civis, políticos e sociais".
Numa outra resolução, é pedida a "retirada" dos efetivos da Guardia Civil (correspondente à GNR em Portugal) que se encontram na Catalunha, assim como a demissão da delegada do Governo na região.
Entretanto, os partidos políticos espanhóis já estão em plena pré-campanha eleitoral para as eleições legislativas de 10 de novembro próximo e em que a situação na Catalunha volta a ser um dos principais temas.
O Governo regional catalão liderado por Carles Puigdemont, apoiado desde 2015 por uma maioria parlamentar de partidos separatistas, organizou e realizou um referendo em 01 de outubro de 2017, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.
Essa votação teve uma taxa de participação de 43%, dos quais 92% votaram "sim" à pergunta "Quer que a Catalunha seja um estado independente em forma de república?".
Os "constitucionalistas" (defensores da unidade espanhola) boicotaram a consulta, ficando em casa.
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na comunidade autónoma.
As eleições regionais, que se realizaram em 21 de dezembro do mesmo ano, voltaram a ser ganhas pelos partidos separatistas.
Doze dirigentes independentistas, nove dos quais estão presos, aguardam a sentença acusados de delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa separatista falhada.
Os independentistas consideram que os detidos em prisões espanholas pelo seu envolvimento na tentativa de autodeterminação são "presos políticos".
O principal líder independentista, o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, vive exilado na Bélgica.