Alegadas vítimas de abusos apresentam queixa contra cinco padres chilenos

Cinco pessoas apresentaram hoje queixa nos tribunais chilenos por abuso sexual alegadamente cometido por cinco padres nas décadas de 80 e 90.

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Lusa
04/10/2019 21:19 ‧ 04/10/2019 por Lusa

Mundo

Chile

 

Os religiosos denunciados são Juan Andrés Peretiatkowics e Gerardo Joannon, da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, e o ex padre Cristián Precht.

A denúncia também inclui Jorge Prieto e Miguel Ortega, já falecidos.

Os queixosos são quatro homens e uma mulher que afirmam ter sido vítimas de abuso desde o início dos anos 80 e meados da década de 90, em diferentes contextos, como escolas e o centro pastoral dos Sagrado Coração.

Quatro das alegadas vítimas leram uma declaração na qual disseram que estão "cheias de coragem" para dizer "nunca mais".

"Fomos enganados e abusados através da palavra de Deus para violar o nosso corpo e alma, matar a nossa confiança, esperanças e fé", afirmaram.

Na declaração atacaram a resposta "fraca e vergonhosa" das congregações religiosas às quais os padres acusados pertencem.

Depois de terem feito a denúncia a Congregação dos Sagrados Corações abriu uma investigação em que a veracidade dos depoimentos das vítimas foi ratificada, mas disseram-lhes que não abririam nenhum processo devido ao delicado estado de saúde de Peretiatkowics e Joannon, que vivem em centros daquela ordem religiosa.

Além disso, Joannon foi investigado pela Justiça por suposta participação numa rede de adoções ilegais que operou entre 1975 e 1983, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Cristián Precht, por outro lado, também foi acusado de abusos por vítimas da Congregação dos Irmãos Maristas no Chile e foi expulso do serviço de escritório pelo Papa Francisco em setembro do ano passado.

Carolina Marín, uma das queixosas, explicou que os abusos começaram em 1981, quando era estudante de uma faculdade de freiras da congregação e que foi violada por Joannon aos oito anos de idade.

Outra das alegadas vítimas, Felipe Vial, relatou que foi abusado por Miguel Ortega em 1986 no contexto da preparação do batismo da sua irmã, e também por parte de Peretiatkowics em 1990 na casa onde morava com outros padres.

Pablo Avendaño explicou que, no seu caso, os abusos ocorreram em meados dos anos 90, quando Peretiatkowics se ofereceu como companheiro e guia no seu desejo de se tornar padre.

Segundo dados do Ministério Público, existem 166 processos abertos sobre abusos no clero chileno, enquanto as vítimas totalizam 248, das quais 131 eram menores quando sofreram os crimes.

As pessoas investigadas relacionadas com a Igreja somam mais de 200, incluindo 10 bispos, 152 sacerdotes, nove diáconos, 15 leigos, oito pessoas sem informação disponível e 27 pertencentes a ordens ou congregações sem serem clérigos.

 

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