A proibição de uso de máscaras pelos manifestantes, decretada pela líder Carrie Lam, entrou em vigor no sábado com o objetivo de minimizar os protestos que já decorrem há quatro meses, mas acabou por provocar mais confrontos e destruição nos últimos dois dias neste território chinês semiautónomo.
Os manifestantes, muitos deles usando máscaras, voltaram hoje aos protestos, enfrentando a chuva, enquanto gritavam "usar máscara não é crime".
Hoje, o Supremo Tribunal rejeitou um recurso apresentado por representantes pró-democracia no Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) contra a decisão do Governo da região administrativa especial chinesa de proibir o uso de máscaras nas manifestações.
O legislador Dennis Kwok disse que o tribunal aceitou, contudo, analisar ainda este mês um pedido de 24 legisladores contra o uso da Portaria de Regulamentação de Emergência, que concede amplos poderes a Lam para implementar quaisquer medidas que considere necessárias em uma emergência.
Os críticos temem que o uso deste mecanismo, uma lei promulgada pelos governantes colonialistas britânicos em 1922, possa abrir caminho para regulamentações mais draconianas por parte da chefe do executivo.
Carrie Lam argumentou que o uso de máscaras permite que manifestantes radicais ocultem a sua identidade, e a sua a proibição era necessária para parar a violência generalizada que "semiparalisou" a cidade, não descartando novas medidas se a violência continuar.
Muitos manifestantes que usavam máscaras disseram hoje que a proibição, que acarreta uma pena de até um ano de prisão e uma multa, restringia sua liberdade de expressão.
Alguns manifestantes pintaram com spray a palavra "resistir" ao longo de uma calçada.
Muitos manifestantes pacíficos dizem que a violência se tornou um meio para atingir um fim e a única maneira de jovens manifestantes mascarados forçarem o Governo a aceitar as exigências dos manifestantes.
Um adolescente foi baleado na sexta-feira à noite na coxa por um polícia de folga, que disparou em legítima defesa, alimentando o medo de mais confrontos sangrentos.
Muitos centros comerciais e a maioria das estações de metropolitano, localizadas principalmente nas zonas mais turísticas, onde se localizam os protestos, continuam hoje fechadas.
Hong Kong vive há quatro meses a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 01 de julho de 1997, com manifestações quase diárias para denunciar a alegada erosão das liberdades, a crescente influência do Governo chinês nos assuntos da região semiautónoma e para exigir reformas democráticas.