Ofensiva turca enfrenta resistência curda, 25 civis mortos nos dois lados
As forças turcas e os seus aliados tentam hoje avançar no norte da Síria, mas enfrentam uma forte resistência dos combatentes curdos, no terceiro dia de uma ofensiva que provocou um êxodo de civis.
© Reuters
Mundo Síria
O último balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indica que 41 combatentes curdos e 17 civis foram mortos na ofensiva desde quarta-feira.
Ancara anunciou a morte de um dos seus soldados nos combates e de oito civis, incluindo um bebé de nove meses e uma rapariga de 11 anos, devido a disparos de 'rockets' curdos sobre as cidades turcas fronteiriças.
Vizinha da Síria, a Turquia lançou na quarta-feira uma operação militar, envolvendo forças aéreas e terrestres, contra a milícia curdo síria Unidades de Proteção Popular (YPG), que considera "um grupo terrorista" e que quer afastar da sua fronteira.
A ofensiva provocou protestos internacionais e vários países, nomeadamente europeus, expressaram preocupação com o futuro dos civis, mas também dos numerosos 'jihadistas' detidos pelas forças curdas, que controlam uma vasta região no norte sírio, e que poderão fugir.
Violentos combates opõem as Forças Democratas Sírias (FDS, coligação conduzida pelas YPG e que integra árabes) às tropas turcas e seus aliados sírios, disse o OSDH.
Os confrontos concentraram-se numa faixa de 120 quilómetros, ao longo da fronteira sírio turca.
"Há intensos combates (...) em várias frentes, principalmente de Tal Abyad a Ras al-Ayn", cidades fronteiriças, adiantou a ONG.
As FDS, que utilizam túneis e trincheiras para se defenderem, lutam para travar o avanço das tropas turcas, que na quinta-feira ocuparam 11 aldeias sírias, duas das quais foram entretanto recuperadas pelas forças curdas, segundo a mesma fonte.
Tal Abyad e Ras al-Ayn, quase completamente abandonadas pelos seus habitantes, são as zonas mais afetadas, indicou um centro de imprensa ligado às autoridades curdas locais.
Algumas tribos árabes juntaram-se às fileiras turcas e realizaram ataques no interior das linhas curdas ativando células adormecidas, acrescentou.
A ONU calcula que 70.000 pessoas fugiram do conflito em direção a leste, para a cidade síria de Hassaké, poupada pelos combates.
A organização Médicos Sem Fronteiras indicou ter sido forçada a fechar um hospital que apoiava em Tal Abyad, porque os bombardeamentos obrigaram à fuga dos pacientes e do pessoal de saúde.
Outras ONG alertaram contra um novo desastre humanitário na Síria.
Com a ofensiva, a Turquia espera também criar uma "zona de segurança" para instalar uma parte dos 3,6 milhões de sírios refugiados no seu território.
Em resposta às críticas europeias, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou enviar para a Europa aqueles refugiados sírios.
A "luz verde" dada pelos Estados Unidos à operação turca -ao anunciar a retirada dos soldados norte-americanos estacionados do lado sírio da fronteira -- foi considerada uma traição pelas forças curdas, que como aliadas da coligação internacional dirigida por Washington foram o principal ator da derrota dos 'jihadistas' do EI.
Em Nova Iorque, cinco países europeus que integram o Conselho de Segurança -- Paris, Berlim, Bruxelas, Londres, Varsóvia -- exigiram a suspensão da ofensiva. A França disse que os europeus analisarão "na próxima semana" a possibilidade de sanções contra Ancara.
A ofensiva de Ancara abre uma nova frente na guerra da Síria que já causou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde que foi desencadeada em 2011.
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