"O chefe do governo regional catalão, Quim Torra, e os membros de seu governo têm o dever político e moral de condenar claramente e sem desculpas o uso da violência na Catalunha", afirmou o socialista Sanchez em conferência de imprensa, hoje realizada.
Com a Catalunha a viver o terceiro dia de protestos, Pedro Sanchéz chamou hoje os principais líderes da oposição para lhes garantir que irá agir "com moderação e firmeza" perante os episódios de violência, mas que não descarta nenhum cenário.
Em declarações na sede do Governo, na Moncloa, após reunir-se com os líderes do PP, Cidadãos e Podemos, o primeiro-ministro alertou o presidente do governo regional catalão, Quim Torra, que nenhum governante "pode esconder o seu fracasso com cortinas de fumaça e fogo" e exigiu que Torra condene "sem desculpas ou paliativos" o uso da violência na Catalunha.
Sánchez rejeitou, para já, a aplicação artigo 155º da Constituição (prevê a possibilidade de o Governo central espanhol obrigar uma comunidade autonómica a cumprir as obrigações da Constituição através da força), que tinha sido pedido pelo líder do Cidadãos ou da Lei de Segurança Nacional, pedida pelo líder do Partido Popular.
"É muito importante que quem age com violência e aqueles que os incentivam enfrentem uma resposta com moderação, porque a esperança daqueles é que o Governo reaja às suas provocações", explicou o primeiro-ministro me funções.
Tanto o líder do PP, Pablo Casado, como o do Cidadãos, Albert Rivera, pediram a Sánchez para agir com força ativando este artigo constitucional - que já foi aplicado em 2017 -, embora o primeiro tenha sido mais moderado do que o segundo.
Por seu lado, o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, disse que apoiará as medidas do Governo para travar a violência e mostrou-se contrário à adoção das "medidas excecionais" apresentadas por Casado e Rivera.
O partido de extrema direita Vox foi o que foi mais longe nas exigências ao Governo, considerando que a situação na Catalunha é de "gravidade excecional", pedindo a aplicação direta do artigo 116º da Constituição, que prevê a declaração do estado de emergência na Catalunha.
A vice-presidente do executivo, Carmen Calvo, pediu a todos os partidos políticos "lealdade e compromisso para com o Governo" e para que, em vez de pressionarem, ajudem a encontrar soluções.
Na segunda-feira, o Supremo Tribunal espanhol condenou os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, desencadeando movimentos de protesto de grupos de independentistas em todo o território da comunidade autónoma espanhola mais rica.
Barcelona tornou-se, na noite de terça-feira, cenário de uma batalha campal entre polícias e manifestantes, que construíram barricadas, queimaram mobiliário urbano e pneus, fizeram fogueiras e atiraram pedras e petardos contra os polícias.
Os confrontos violentos de terça-feira resultaram em 125 feridos, tendo 18 deles dado entrada em hospitais, nenhum deles com gravidade.
Fontes da polícia regional (Mossos d'Esquadra) e do Governo espanhol informaram que, entre os feridos, 57 são das forças de ordem autonómicas e 18 da Polícia Nacional, tendo alguns deles sido tratados em diferentes serviços de saúde e não foram contabilizados nos números fornecidos pelo Sistema de Emergência Médico.