"Batalha urbana" na Catalunha fez 89 feridos. "Nunca vi uma coisa destas"
Pelo menos 22 pessoas foram detidas e 89 sofreram ferimentos nos confrontos entre grupos separatistas violentos e as forças de segurança que se registaram na sexta-feira em diferentes cidades da Catalunha.
© Reuters
Mundo Catalunha
Os Mossos d'Esquadra, polícia regional da Catalunha, informaram que durante os confrontos foram detidas pelo menos 22 pessoas e que o forte dispositivo policial se mantém em algumas cidades.
Em relação aos feridos, a maioria registou-se em Barcelona, com 60 casos, segundo os dados do Serviço de Emergência Médica (SEM).
Os serviços médicos têm também registo de 12 feridos em Girona, seis em Tarragona e seis em Lleida, para além de casos em Molins de Rei, Motcada e Reixac, Alella e Terrassa.
A cidade de Barcelona tornou-se, desde a noite de segunda-feira, cenário de confrontos entre polícias e manifestantes, que construíram barricadas, queimaram mobiliário urbano e pneus, fizeram fogueiras e atiraram pedras e petardos contra as autoridades.
Nesta última noite os confrontos entre os separatistas e a polícia aumentaram de violência, com barricadas e fogos ateados pelos radicais, ao que a polícia respondeu com balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água.
Nos últimos dias, grupos de jovens independentistas têm enfrentado a polícia de forma violenta nas ruas do centro da cidade, provocando estragos em montras, esplanadas, contentores e automóveis.
Centenas de funcionários tentam limpar vestígios dos confrontos
O centro de Barcelona acordou hoje com centenas de funcionários da autarquia a tentar limpar os vestígios dos confrontos violentos de sexta-feira ao fim do dia entre grupos radicais de jovens independentistas e a polícia espanhola.
Os sinais dos desacatos ainda eram bem visíveis aos olhos dos turistas que começavam esta manhã a sair dos hotéis de onde não se atreveram a abandonar a partir do fim da tarde de sexta-feira, quando os confrontos tiveram início.
"Ficámos fechados no hotel e fomos para a cama cedo. Uma coisa é certa, temos uma história para contar aos nossos amigos, quando regressarmos", disse à agência Lusa um casal de turistas norte-americanos que ia descer a Rambla a partir da Praça da Catalunha, mesmo no centro da capital catalã.
Vidros de montras partidos, sinais de trânsito arrancados, semáforos ardidos, cabines telefónicas arrancadas do chão podiam ser vistas nas ruas circundantes do epicentro dos distúrbios, a direção da Polícia Nacional na Catalunha (Jefatura Superior de Policia de Catalunya), na Via Laietana.
"Nunca vi uma coisa destas", disse um taxista que circulava numa das ruas transitáveis, acrescentando esperar "que a situação não se repita mais, porque assim a cidade vai perder ainda mais turistas".
Nas avenidas do centro cheira a plástico queimado e há buracos feitos no asfalto que derreteu com as dezenas de incêndios que foram ateados na noite anterior e o cheiro a plástico queimado.
Na última noite, os confrontos entre os separatistas e a polícia foram particularmente violentos, com barricadas e fogos ateados pelos radicais, ao que a polícia respondeu com balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água.
Em vários pontos da cidade espanhola havia contentores de lixo incendiados por grupos de jovens que, antes de pegarem fogo, faziam com eles barricadas no meio das avenidas para impedir a polícia de circular, constatou na altura a Lusa no local.
O ambiente era de "batalha urbana" com os radicais, que quebravam e destruíam tudo por onde passam, a fugir com a chegada da polícia, para, em seguida, se reagruparem noutro local, onde voltavam a fazer barricadas.
Alguns turistas foram apanhados no meio desta batalha campal e tentam proteger-se nas entradas dos prédios com ar de assustados, principalmente os mais velhos.
Os movimentos de protesto começaram na segunda-feira em toda a Catalunha, depois ser conhecida a sentença contra os principais políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência em outubro de 2017.
Os distúrbios de sexta-feira em Barcelona começaram não muito longe do local onde centenas de milhares de pessoas vindas de toda a Catalunha participavam numa grande manifestação convocada pelos sindicatos independentistas, contra a condenação dos políticos envolvidos na tentativa separatista de 2017.
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