"Estou certo de que voltaremos ao governo, e será em breve e pela porta principal", proclamou na praça de São João de Latrão, onde segundo os organizadores se juntaram 200.000 pessoas vindas de todo o país.
A iniciativa de Salvini ocorreu dois meses após a rutura da coligação de governo entre a Liga, que lidera, e o M5S e a exigência de eleições, que não foram convocadas após um acordo para entre esta última formação, o Partido Democrata (PD, social-democrata) e o Livres e Iguais (LEU) para um novo executivo.
Em resposta a esta aliança, Salvini encenou hoje a união das direitas, juntando na mesma iniciativa os governadores das regiões controladas pela sua aliança com o conservador Sílvio Berlusconi, e Giornia Meloni, líder do movimento de direita radical Irmãos de Itália, ambos presentes.
A intenção de Salvini consistiu em exercer uma demonstração de força na praça de São João de Latrão, território tradicional da esquerda e dos sindicatos, e quando a região da Úmbria (centro) se prepara para eleições.
Num palco de 60 metros, sob o lema "Orgulho italiano: uma pátria para amar e defender" e perante uma assistência mobilizada, que incluía a organização fascista CasaPound, recordou o seu legado de um ano na pasta do Interior onde "houve portos encerrados" em Itália para as embarcações que resgatam migrantes no Mediterrâneo.
O líder da Liga criticou duramente o atual modelo da União Europeia (UE), e enviou uma saudação "ao povo catalão e ao britânico", sem mais detalhes.
"Numa referência à soberania, quero viver num país livre onde se governa sem esperar a chamada telefónica de [chanceler alemã Angela] Merkel ou de [Presidente francês Emmanuel] Macron. A Itália para os italianos", reivindicou.
Também criticou a UE pelas relações que mantém com a Turquia e denunciou o "extermínio" do povo curdo por Ancara, que comparou com o genocídio arménio.
"É simplesmente uma loucura que a Turquia possa entrar na União Europeia. Nunca com a Turquia, nunca com um regime islâmico", disse.
Salvini voltou a desaprovar o Governo alternativo que se formou após o dirigente da Liga ter terminado a coligação no poder com o M5S, e considerou que "a calma é a virtude dos fortes".
"Este será um período para pensar, meditar e analisar. Podem escapar às eleições por um tempo, mas não durante toda a vida", desafiou, para de seguida apelar aos seus apoiantes para lhe darem a vitória nas numerosas eleições regionais que se avizinham.
Antes de Salvini discursaram Meloni, com o seu sempre veemente discurso sobre as "raízes cristãs da Europa" e as denúncias da presumível "islamização" do continente, e Berlusconi.
O magnata de 83 anos regressou à praça São João de Latrão para reivindicar a unidade da direita face a eventuais eleições.
"Para vencer somos todos indispensáveis", proclamou, consciente de que Salvini o arredou da liderança das direitas italianas.
Com esta demonstração de força, o trio Salvino, Berlusconi e Meloni pretendeu em particular sublinhar que a unidade é a sua fórmula de êxito, incluindo nas 11 regiões transalpinas onde governam.
O Governo do M5S e dos partidos de esquerda está agora envolvido na preparação do orçamento de Estado para 2020, mas sempre dependente das decisões do ex-primeiro-ministro social-democrata Matteo Renzi.
O político florentino cindiu do Partido Democrata e fundou uma nova formação, Itália Viva, que de momento apoia o Executivo.