"Saberemos exatamente o número de doses recebidas hoje à noite", disse à agência noticiosa Efe, por telefone, o médico Jean Jacques Muyembe, secretário técnico do Comité Multissetorial de Resposta ao Ébola (CMRE) da RDC.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) adiantou, em comunicado, que são 500 mil doses da vacina, doadas pelo fabricante farmacêutico Janssen, uma subsidiária da empresa norte-americana Johnson & Johnson.
Este segundo medicamento, fornecido em duas doses, foi desenvolvido para uma aplicação em larga escala e ajudará a evitar a propagação da epidemia.
"O grupo de peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a introdução desta segunda vacina em maio de 2019 para complementar o uso continuado de outra vacina experimental, a rVSV-ZEBOV, fabricada pela Laboratórios farmacêuticos da Merck (EUA) ", avançou a Médicos Sem Fronteiras.
A vacina rVSV-ZEBOV, usada desde o início do surto há mais de um ano, continuará a ser ministrada em populações de alto risco, principalmente naquelas que estiveram em contacto com uma pessoa infetada.
Muyembe garantiu à Efe na quinta-feira que a epidemia "está realmente sob controlo", embora tenha sido cauteloso ao enfatizar que os "casos zero" devem ser alcançados.
De acordo com o último relatório do CMRE, datado de 30 de outubro, 2.183 pessoas morreram da doença (2.066 confirmadas em testes de laboratório) desde que o surto foi declarado a 01 de agosto de 2018 nas províncias de Kivu e Ituri, no norte do país.
O número de casos é estimado em 3.272 (3.155 já confirmados) e 1.052 pacientes sobreviveram ao vírus, segundo dados oficiais.
Nas últimas semanas, os especialistas detetaram uma redução notável nos casos, que passaram de cerca de cem por semana, em julho passado, para cerca de vinte hoje.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu a 18 de outubro passado manter o estado de emergência internacional devido ao surto de ébola na República Democrática do Congo por, pelo menos, mais um trimestre, apesar da notável redução no número de novos casos semanais.
Desde 8 de agosto de 2018, quando as vacinas começaram, mais de 245.500 pessoas foram inoculadas, de acordo com o CMRE.
Este surto é o mais mortal da história da RDC e o segundo no mundo em mortes e casos, após a epidemia da África Ocidental em 2014.
No entanto, o controle da epidemia foi afetado devido à recusa de algumas comunidades em receber tratamento e insegurança na área, onde numerosos grupos armados operam.
O surto global mais devastador foi declarado em março de 2014, com casos desde dezembro de 2013, na Guiné-Conacri, de onde se expandiu para a Serra Leoa e a Libéria.
Quase dois anos depois, em janeiro de 2016, a OMS declarou o fim dessa epidemia, com a qual 11.300 pessoas morreram e mais de 28.500 foram infetadas, números que, segundo a agência da ONU, poderiam ser conservadores.
O vírus ébola é transmitido através do contacto direto com sangue e fluidos corporais contaminados, causa febre hemorrágica e pode atingir uma taxa de mortalidade de 90% se não for tratado a tempo.