Síria. Potenciais crimes de guerra em vídeos captados por telemóvel

Vídeos mostram mutilações, tortura e profanação de cadáveres de militantes curdos. Ancara negas as alegações.

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© REUTERS/Khalil Ashawi

Anabela Sousa Dantas
03/11/2019 17:35 ‧ 03/11/2019 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

Síria

As milícias apoiadas pela Turquia que estão no terreno, no nordeste da Síria, para combater os curdos na região estão a ser acusadas de cometer crimes de guerra, com base em filmagens feitas com telemóveis e publicadas nas redes sociais onde são mostrados atos de brutalidade.

De acordo com a BBC, há um vídeo que mostra homens a gritar "Allahu Akbar" [Deus é Grande] ou "somos 'mujahedeen' [guerreiros sagrados]" mostrando cadáveres de militares curdos no chão.

Descreve-se também uma cena, neste vídeo filmado a 21 de outubro, no nordeste da Síria, onde é mostrado o corpo de uma mulher a ser pisado e insultado. Trata-se de Amara Renas, membro das YPJ, a famosa brigada composta apenas por mulheres que integra as forças curdas e que, nos últimos anos, fez frente ao autoproclamado Estado Islâmico na Síria.

Amara foi uma das vítimas mortais do recente avanço das forças de Ancara sobre as mílicias curdas no norte da Síria junto da fronteira com a Turquia.

Notícias ao MinutoYPJ, brigada de mulheres que faz parte da milícia curdo-síria Unidades de Proteção do Povo (YPG© REUTERS/Rodi Said

Outros vídeos, refere o Guardian, mostram combatentes a torturar prisioneiros e a mutilar cadáveres, entre outras atrocidades. A publicação indica que estas filmagens circulam nas regiões curdas da Síria de forma a instigar medo e desencorajar resistência, ao mesmo tempo que adensam a divisão étnica na região.

Os homens nos vídeos pertencem a milícias que são treinadas, equipadas e financiadas pela Turquia, estando sob o comando do exército turco.

Um antiga procuradora e investigadora das Nações Unidas, Carla del Ponte, indicou este sábado em entrevista que Recep Tayyip Erdogan, o presidente da Turquia, deve ser investigado e acusado de crimes de guerra por causa da ofensiva lançada na Síria.

O governo turco nega o apoio à realização de tortura ou mutilação, tendo responsáveis militares turcos dado já indicação que estão a investigar as alegações.

Recorde-se que no início de outubro, a Turquia lançou uma operação no nordeste da Síria contra as milícias curdas das Unidades de Proteção do Povo (YPG), um grupo apoiado pelos países ocidentais devido ao seu papel na luta contra os extremistas do Estado Islâmico (EI), mas descrito como "terrorista" pelo governo turco. O objetivo é impedir a expansão de posições no norte da Síria junto da fronteira com a Turquia.

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