Jean-Claude Juncker, o presidente cessante da Comissão Europeia, alegou que durante a campanha para o Brexit foram ditas várias mentiras, incluindo por parte do atual primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Juncker, cujo mandato termina em janeiro de 2020, referiu ainda que sempre este "firmemente convencido" que o referendo "iria correr mal".
Em conversa com a revista Der Spiegel, o antigo primeiro-ministro luxemburguês confessou que chegou a fazer uma aposta sobre o desfecho do referendo em 2016. "Fiz uma aposta com o comissário europeu, de nacionalidade britânica na altura, Jonathan Hill: 'Dá-me uma libra se o 'ficar' perder, dou-lhe um euro se ganhar'. Ainda tenho essa libra hoje em dia", admitiu.
"Quando o na altura primeiro-ministro britânico David Cameron me disse à margem da cimeira do G20 de 2014 em Brisbane que queria mesmo fazer um referendo ao Brexit, disse-lhe: 'Vai perder'", recordou Juncker.
Quando questionado sobre o motivo pelo qual escolheu por não lutar pelos votos para que o Reino Unido ficasse explicou que recebeu "vários convites" para fazer campanha. Mas o "Cameron tornou claro que não tinha uso para mim".
"A Comissão Europeia é ainda menos popular na Grã-Bretanha do que no Continente. Decidi não me envolver", respondeu. "Olhando para trás, penso que foi um grande erro. Foram contadas tantas mentiras, incluindo pelo atual primeiro-ministro Boris Johnson, que era preciso ter existido uma voz para as contrariar", rematou.
A saída do Reino Unido da União Europeia estava inicialmente prevista para 29 de março e foi depois adiada para 22 de maio e 31 outubro. Foi entretanto garantido um adiamento até 31 de janeiro e, desde aí, convocada uma eleição geral para 12 de dezembro.