Vários ministros, incluindo os responsáveis pelos Negócios Estrangeiros dos três países, assim como o comissário do Comércio da Comunidade de Desenvolvimento Económico da África Ocidental (CEDEAO), reuniram-se hoje na sede da organização regional, em Abuja, capital da Nigéria, onde concertaram a criação de patrulhas comuns.
"As forças de segurança - polícia, exército, marinha, alfândega (...) - dos três países irão patrulhar juntas sob uma força comum", afirmou um comunicado divulgado no final da reunião, citado pela agência France-Presse.
Responsáveis dos três países irão voltar a reunir-se nos dias 25 e 26 deste mês para a partilha de recomendações para a reabertura das fronteiras encerradas em agosto, de forma unilateral, pela Nigéria.
Os participantes na reunião de hoje decidiram também a criação de um "comité de vigilância e avaliação que reúne os três países para incentivar a erradicação do contrabando", refere a mesma fonte.
O comité, que será composto por ministros das Finanças e do Comércio, irá "promover o comércio regional entre os três países e aplicará sanções contra o contrabando (...) e o tráfico de seres humanos", diz o comunicado.
A declaração é o primeiro sinal de apaziguamento das relações entre a Nigéria e os vizinhos, cerca de três meses depois de o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, ter decidido o encerramento das fronteiras terrestres com Níger e Benim.
A medida tinha como objetivo parar o contrabando de arroz e óleo.
A decisão, que vai contra as normas da CEDEAO, foi vista pelo ministro da Agricultura do Benim como "catastrófica" para este pequeno país.
O Benim beneficiou, por várias décadas, da importação ilegal de gasolina subsidiada, algo que Abuja diz ter custado milhares de milhões de dólares aos cofres nigerianos.
As fronteiras surgem também como uma porta de entrada para milhares de toneladas de arroz, uma prática limitada uma vez que o executivo do Benim pretende incentivar a produção local.
Já o Níger alega que o encerramento da fronteira provoca uma redução de receitas na ordem dos 40.000 milhões de francos CFA (cerca de 60 milhões de euros).
O encerramento das fronteiras terrestres provocou um abrupto aumento de preços na Nigéria, sendo que a maioria dos produtos passaram a ser importados pelo porto de Lagos, comummente criticado pela sua ineficiência.