Empresário detido por ligação à morte da jornalista Daphne Galizia

Yorgen Fenech foi detido na manhã desta quarta-feira a bordo do seu iate, em Malta.

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Filipa Matias Pereira
20/11/2019 10:19 ‧ 20/11/2019 por Filipa Matias Pereira

Mundo

Daphne Galizia

A polícia de Malta deteve, na manhã desta quarta-feira, um dos mais conceituados empresários do país, Yorgen Fenech, por suspeitas de ligação à morte da jornalista Daphne Caruana Galizia, que se dedicava à investigação de casos de corrupção.

A operação policial foi levada a cabo às primeiras horas da manhã e imagens do Times of Malta mostram as forças de segurança a inspecionar iate do empresário, momentos antes de levarem a cabo a detenção, na marina de Portomaso, em Malta. A embarcação já tinha zarpado, mas as autoridades forçaram-na a regressar à marina.

A prisão de Yorgen Fenech ocorre um dia depois de o governo do país ter afiançado que seria concedido um indulto presidencial a um intermediário na operação, se este fornecesse provas categóricas de quem estaria por trás do homicídio da jornalista de 53 anos, que remonta a 2017.

Este suspeito foi detido na semana passada,  numa operação conjunta da Interpol e da polícia maltesa contra a lavagem de dinheiro, e receberia o indulto se as provas fossem "suficientes para apurar quem é o cérebro deste crime", disse à imprensa o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat. 

Relativamente ao empresário, refira-se, Yorgen Fenech é diretor e co-proprietário de um grupo empresarial que se notabilizou ao ganhar uma concessão energética em Malta, em 2013, com vista à construção de uma central de gás na ilha.

O suspeito é ainda proprietário de uma empresa no Dubai, 17 Black, que a jornalista Daphne Caruana Galizia alegou que estava associada a políticos malteses. A informação foi divulgada pela repórter no seu blog oito meses antes de ser morta.

Ainda no âmbito deste caso, três outros homens foram detidos em dezembro de 2017, nomeadamente os irmãos Alfred e George Degiorgio e Vincent Muscat. Inquiridos pela polícia, todos negaram o envolvimento na morte da jornalista.

Recorde-se que Daphne Caruana Galizia, conhecida em Malta por expor casos de corrupção na elite política e empresarial do país, foi morta a 16 de outubro de 2017 com um engenho explosivo colocado no seu automóvel em Bidnija, onde vivia.

A jornalista investigava na altura vários políticos malteses, incluindo o primeiro-ministro e a mulher, no âmbito dos 'Panama Papers', que mostraram como centenas de políticos, empresários e celebridades utilizaram paraísos fiscais para evasão fiscal, lavagem de dinheiro e transações ilegais.

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