Netanyahu não tem "mandato moral" para tomar decisões sobre Israel
O principal rival político de Benjamin Netanyahu considerou hoje que o primeiro-ministro em funções, indicado por corrupção, não possui "qualquer mandato público ou moral" para tomar decisões sobre o destino do Estado de Israel.
© Lusa
Mundo Benny Gantz
Através de uma declaração, o antigo chefe militar Benny Gantz considera que a decisão do procurador-geral de Israel, Avichaï Mandelblit - que hoje acusou Netanyahu de fraude, suborno e abuso de confiança em três casos de corrupção -, levanta o receio de que o primeiro-ministro cessante "tomará decisões para seu único interesse pessoal e para a sua sobrevivência política e não no interesse nacional".
Netanyahu e Gantz ficaram virtualmente empatados após as legislativas de 17 de setembro e ambos falharam em garantir uma coligação maioritária no parlamento.
O país parece agora caminhar para uma terceira ronda de eleições em menos de um ano.
Antes de anunciar a decisão do procurador-geral, o Ministério da Justiça tinha indicado que Mandelblit anunciaria se acusava ou não Netanyahu ainda hoje, quando o parlamento foi encarregue pelo Presidente Reuven Rivlin de encontrar um chefe de governo, após as tentativas fracassadas de Netanyahu e do seu rival Gantz.
Netanyahu negou sempre o seu envolvimento nos três casos, alegando que as investigações fazem parte de uma vingança política e de uma "caça às bruxas", que inclui a esquerda, os 'media' e a polícia.
"Não haverá nada porque não houve nada", disse Netanyahu no início do ano.
Os três casos são designados de "1000", "2000" e "4000".
No primeiro, Netanyahu, assim como a sua mulher Sara e o filho Yaur são suspeitos de terem recebido benefícios e presentes avaliados em centenas de milhares de euros de vários milionários, como o produtor de Hollywood israelita Arnon Milchan, em troca de ajuda em várias questões.
O segundo é sobre um alegado acordo secreto entre Netanyahu e o editor do jornal diário Yedioth Ahronoth Arnon Mozes. O primeiro-ministro criaria dificuldades ao jornal Israel Hayom, rival do Yedioth Ahronoth, em troca de uma cobertura mais favorável por parte deste.
No designado "caso 4000", Netanyahu é suspeito de ter beneficiado Shaul Elovich, o principal acionista da maior empresa de telecomunicações de Israel, a Bezeq, em troca de uma cobertura favorável no portal de informação Walla, propriedade da Bezeq.
A 28 de fevereiro, Mandelblit disse ter aceitado as recomendações da polícia para acusar Netanyahu, o que ficaria dependente de uma audiência final.
No início de outubro os advogados de Benjamin Netanyahu tentaram exonerar o primeiro-ministro israelita da acusação numa audiência com o procurador-geral, a última tentativa que a lei concedia ao suspeito.
A acusação a Netanyahu, o primeiro chefe de Governo do país a ser acusado enquanto em funções, surge em plena crise política em Israel e pode reduzir as suas hipóteses de se manter no poder.
Pela primeira vez na história do país, o Presidente encarregou hoje o parlamento de encontrar um primeiro-ministro para resolver um impasse político e evitar as terceiras legislativas em menos de um ano.
"O Estado de Israel atravessa um período sombrio da sua história", declarou o Presidente no parlamento, apelando aos deputados para agirem de modo "responsável".
Netanyahu e Gantz podem voltar a ser encarregados de formar um governo pelos deputados, o que abre caminho para novas negociações.
A lei israelita não obriga um primeiro-ministro a demitir-se se for acusado, mas Netanyahu, 69 anos e há 13 no poder, poderá vir a ser pressionado nesse sentido além de que não poder vir a ocupar, por lei qualquer outro cargo de Governo ou de Estado.
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