Lula diz que Evo Morales "errou ao tentar um quarto mandato" na Bolívia
O antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva declarou à imprensa que o seu "amigo" e ex-chefe de Estado da Bolívia Evo Morales "errou" ao tentar um quarto mandato à frente daquele país.
© Reuters
Mundo Lula da Silva
"O meu amigo Evo cometeu um erro ao tentar um quarto mandato como Presidente. Mas o que fizeram com ele foi um crime. Foi um golpe. Isso é terrível para a América Latina", disse Lula da Silva, ao jornal The Guardian, numa das suas primeiras entrevistas desde que deixou a prisão, no início deste mês.
No poder desde 2006, Evo Morales, o primeiro Presidente indígena da Bolívia, foi declarado vencedor para um quarto mandato consecutivo nas eleições de 20 de outubro, mas o sufrágio foi marcado por denúncias de fraude por parte da oposição boliviana.
Evo Morales acabou por renunciar ao cargo em 10 de novembro após três semanas de protestos contra a sua reeleição liderados pela oposição e depois de ter perdido o apoio do exército e da polícia.
O ex-Presidente boliviano, que denunciou que a proclamação da senadora Jeanine Añez como Presidente interina foi um "golpe de Estado", seguiu depois para o México, onde permanece exilado.
Desde a demissão de Evo Morales, os apoiantes do ex-Presidente têm protestado diariamente nas ruas de La Paz e em algumas cidades das zonas rurais do país.
Os protestos na Bolívia fizeram até à data 32 mortos, incluindo 17 pessoas que morreram durante confrontos com as forças de segurança.
Na entrevista ao The Guardian, Lula da Silva, de 74 anos, que deixou em 09 de novembro a cadeia em Curitiba após 580 dias preso, declarou que o Partido dos Trabalhadores (PT), formação política que ajudou a fundar, se prepara para voltar ao poder.
No entanto, o antigo chefe de Estado evitou responder se concorrerá às presidenciais brasileiras de 2022.
"O PT está a preparar-se para voltar e governar este país. (...) Em 2022, terei 77 anos. A igreja católica, com 2.000 anos de experiência, aposenta os seus bispos aos 75 anos", argumentou Lula da Silva, sem responder se voltará a tentar chegar à presidência.
Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, viu a sua libertação decidida por um juiz em menos de 24 horas após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou a jurisprudência, e proibiu a prisão após condenação em segunda instância dos réus que recorrem para tribunais superiores, como era o caso do ex-líder sindical.
O histórico líder do PT foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.
Lula da Silva comentou ainda a performance do atual chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, criticando a sua "submissão" aos Estados Unidos da América (EUA), e o impacto que o seu Governo está a ter na imagem do país.
"A sua submissão a Trump [Presidente norte-americano], e aos EUA, é realmente embaraçosa", disse Lula, acrescentando que "a imagem do Brasil é negativa no momento".
"Temos um Presidente que não governa, que fica discutindo notícias falsas 24 horas por dia. O Brasil precisa ter um papel no cenário internacional. Vamos torcer para que Bolsonaro não destrua o Brasil. Vamos torcer para que ele faça algo de bom pelo país, mas duvido disso", concluiu na entrevista o antigo chefe de Estado.
Lula da Silva anunciou, após sair da cadeia, que pretende participar em grandes viagens pelo país, as famosas "caravanas", para aumentar a sua popularidade e incorporar a oposição ao Presidente do país, Jair Bolsonaro.
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