"Cuba sempre avaliou os momentos propícios para poder aderir ou não a um acordo. Cuba está a avaliar se deve realmente fazê-lo", disse a vice-presidente cubana, Inés María Chapman, citada pela agência Efe, à margem da IX Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos países ACP - grupo composto por 79 países - que decorreu nos últimos dois dias em Nairobi, Quénia.
"Estamos aqui como membros, prestamos a nossa colaboração, estamos abertos, apesar do bloqueio [do embargo imposto pelos Estados Unidos], a toda a cooperação com o resto dos países desta cúpula", acrescentou Chapman.
A política acrescentou que Cuba irá continuar o processo de avaliação, uma vez que "também tem os seus aspetos internos".
"Responderemos no momento certo", vincou Chapman.
A parceria UE-ACP, que até agora se tem centrado na erradicação da pobreza e no desenvolvimento sustentável inclusivo nos países dos dois blocos, abrange três domínios de ação: cooperação para o desenvolvimento, comércio e diálogo político.
A atual versão do pacto abrange os países da UE e 78 países da ACP, sendo que Cuba foi o único a não assinar este acordo, de Cotonou, em 2000, devido a divergências políticas com o bloco europeu, que exigia reformas democráticas ao executivo de Havana.
Na ocasião, o então Presidente de Cuba, Fidel Castro, considerou que as condições impostas pela UE representavam uma "interferência nos assuntos internos" da ilha.
A comissária da União Europeia (UE) para as "Parcerias Europeias", a finlandesa Jutta Urpilainen, responsável pela negociação do lado da UE, defendeu que "seria bom para os cidadãos de Cuba tê-los a bordo [do novo pacto]".
"Mas veremos qual será a decisão de Cuba. Ainda não sabemos", acrescentou Urpilainen.
"A União Europeia, com o esforço que também pode fazer para ajudar os países em desenvolvimento, também pode incentivar o desenvolvimento de ações", referiu Champan, cujo nome é um dos apontados ao cargo de primeiro-ministro, que a nova Constituição cubana contempla.
O Presidente do Quénia, país que exerce desde segunda-feira a presidência do grupo, Uhuru Kenyatta, anunciou hoje que os países ACP esperam concluir "nos próximos meses" as negociações para um novo acordo com a UE para regular as relações entre os dois grupos, uma posição que a parte europeia remete para o final de 2020.
Um dos temas que dominou a cimeira, a que assistiram cerca de vinte chefes de Estado e de Governo, foi a atual negociação para substituir o Acordo de Cotonou, assinado em 2000 na capital do Benim, que rege a relação entre os países ACP e a UE.
O acordo abrange as relações entre a União Europeia e 78 dos países ACP e expira no próximo dia 20 de fevereiro.
O grupo composto por UE e países ACP representa mais de metade dos Estados-membros das Nações Unidas e totalizam mais de 1,5 mil milhões de pessoas, o que o torna, segundo Kenyatta, na "maior organização intercontinental formal do mundo".