Duas semanas depois de o PE ter declarado a emergência climática, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou hoje na assembleia europeia o Pacto Ecológico, explicando que ele visa "reconciliar a economia com o planeta" com base num "novo modelo de crescimento".
O plano, que inclui 50 medidas transversais a todos os setores, define como objetivos a neutralidade carbónica da União Europeia em 2050 e a redução para 50%, se possível 55%, dos gases com efeito estufa até 2030.
No debate que se seguiu em Bruxelas, Esther de Lange, eurodeputada holandesa do maior grupo político do PE, o Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita) defendeu que a política industrial e o pacto ecológico "devem andar de mãos dadas" e que aos países terceiros que não estiverem dispostos a esforços para combater as alterações climáticas "a UE deve reconsiderar o livre acesso ao mercado europeu".
A eurodeputada afirmou que a mudança não se consegue com "proibições, impostos e ordens", antes exige "juntar os melhores e os mais inteligentes, investigação sem precedentes, soluções inteligentes e indústrias limpas que criem empregos para os europeus".
A espanhola Iratxe García, líder da bancada dos Socialistas & Democratas (S&D, centro-esquerda), qualificou o pacto de "um novo modelo de crescimento para transformar a UE numa sociedade mais justa e mais próspera", que deve assentar num "pilar verde" de metas climáticas, "um pilar vermelho" de políticas sociais e um pilar financeiro com os meios suficientes para atingir os objetivos.
"Este Parlamento Europeu declarou a emergência climática. Para o S&D esse não é um 'slogan' vazio, é uma advertência que requer medidas urgentes e excecionais. O Pacto Ecológico mostra o caminho que a Europa e o resto do mundo precisam de percorrer para a sua transformação", disse.
Dacian Ciolos, eurodeputado romeno do grupo Renovar a Europa (RE, liberal), apelou para "converter este desafio numa oportunidade" e pediu que o pacto não "junte burocracia à burocracia", mas antes "mobilize a sociedade" e se traduza numa "nova dinâmica social".
O belga Philippe Lamberts, dos Verdes, qualificou o pacto de "catálogo de boas intenções" e questionou "quando se vai traduzir em ações concretas", defendendo que a meta de redução das emissões devia ser de 65% até 2030, e não "os insuficientes" 50% a 55% como prevê o pacto.
Pelo grupo Identidade e Democracia (ID, nacionalista), a italiana Silvia Sardone acusou a Comissão Europeia de querer "dar uma imagem que está na moda" e questionou se mediu "o impacto social e económico da neutralidade carbónica", pedindo "uma visão mais realista das coisas".
O polaco Ryszard Legutko, dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, conservadores) pediu à Comissão para trabalhar com os Estados-membros, que vão discutir os objetivos de redução das emissões no Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, rejeitando que os governos nacionais sejam "marginalizados em relação a algo tão fundamental".
Pela Esquerda Unitária Europeia (EUE/ENV, esquerda), a eurodeputada francesa Manon Aubry pediu um pacto alternativo com impostos sobre o carbono e o plástico e medidas vinculativas para reduzir as emissões 70%, por uma transição mais humana, social e ecológica.