"O relatório da relatora da ONU Agnes Callamard foi claro, pediu que fosse investigado o crime, mas infelizmente não foi dado qualquer passo, o que implica que eu e outras pessoas questionemos a legitimidade e a autoridade das Nações Unidas", assinalou Cengiz no decurso de uma conferência de imprensa em Genebra.
Cengiz compareceu na sede europeia da ONU para renovar perante o Conselho de Estado as suas pressões dirigidas à Arábia Saudita para que se investigue e castigue os autores do crime, à semelhança da iniciativa que promoveu em junho no mesmo fórum, mas lamentou que "nos últimos oito meses não tenham havido ações concertas".
"Apesar da inação e da paralisia ainda estou otimista e acredito que este é o lugar onde algo tem de ocorrer, e por isso estou aqui, para recordar que ainda se pode fazer algo", indicou.
"Esta é a oportunidade da ONU para se fortalecer a si própria e surgir como a autoridade na matéria, como um corpo para impor sanções e castigar os culpados", afirmou Cengiz.
A investigadora e ativista turca também se dirigiu aos países da União Europeia (UE)l, a quem pediu um papel mais ativo que não se limite a simples declarações de condenação pelo assassínio de Khashoggi.
"Posso ver que muitos países estão incomodados com o odioso crime cometido, e por isso exorto-os a tomarem ações individuais. Sei que entre eles existe essa vontade", declarou.
Khashoggi, um jornalista crítico da monarquia saudita e que na ocasião trabalhava para o diário norte-americano Washington Post foi assassinado e desmembrado em 02 de outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde se tinha deslocado para obter documentos que necessitava para formalizar o seu casamento com Cengiz.
A relatora da ONU sobre tortura, Agnes Callamard, concluiu, após meses de investigação do caso, que o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, e outros altos responsáveis do regime têm responsabilidades no assassínio.
Em dezembro um tribunal saudita condenou à morte cinco pessoas pelo seu alegado envolvimento no crime e condenou outras três a penas de prisão, após um julgamento à porta fechada que Callamard considerou "uma farsa" e cujo desfecho também não é aceite por Cengiz.
"Diz-se que vão ser executadas algumas pessoas sem explicar quem são e porque o fizeram (...) não foi um julgamento aberto, tudo decorreu à porta fechada, desta forma não aceito o resultado nem creio que ninguém o faça", afirmou hoje a ativista turca.
Cengiz apelou aos 'media' internacionais para não esquecerem o caso durante este ano, e quando a Arábia Saudita é o país anfitrião do G20.
"Sois jornalistas, ele era um de vós, e assim peço-vos que mantenham este tema vivo custe o que custar, recordando-o a quem pode fazer algo", concluiu.