Nova coligação em Timor-Leste "é ilegal" e deve ser rejeitada
Mari Alkatiri, responsável do maior partido no parlamento timorense, a Fretilin, considerou hoje que a nova coligação de maioria liderada por Xanana Gusmão é ilegal e um "nado morto".
© Lusa
Mundo Fretilin
"A forma como Xanana Gusmão equacionou esta nova coligação é ilegal. Querer ressuscitar a Aliança de Maioria Parlamentar que ele próprio tinha matado é absolutamente ilegal", disse Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.
"Todo o ato que parte de uma base ileal, é ilegal. Eu, se fosse o Presidente da República, recusava esta nova coligação", afirmou.
Alkatiri referia-se à nova coligação liderada pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, e que reúne cinco outros partidos com assento parlamentar, representando 34 dos 65 deputados do parlamento, onde a Fretilin controla 23 lugares.
A nova coligação entregou hoje na Presidência da República uma carta em que confirma a indigitação de Xanana Gusmão como primeiro-ministro do próximo Governo e em que solicita um novo encontro com Francisco Guterres Lu-Olo.
Para Mari Alkatiri, a "dita coligação alternativa ao VIII Governo é um nado morto" depois de um executivo "feito contra a maré e contranatura" em que Xanana Gusmão "mostrou o seu falhanço" de governação.
"Essa aliança [do atual Governo] foi construída para dentro do capricho do Xanana Gusmão para não permitir que a Fretilin governasse", afirmou.
"Agora está a querer repetir a mesma cena. Xanana Gusmão não quer assumir os seus erros dos últimos 12 anos de governos do seu comando e, esquivando-se a isso, tenta ressuscitar abortos", disse ainda.
O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) considerou que "não é fácil ao Presidente da República tomar uma posição", mas "vai ter de ter coragem e tomar uma posição" para resolver o atual impasse.
"Está visto que um Governo sem a Fretilin não funciona e contra a Fretilin também não", disse.
Alkatiri afirmou que apesar de o partido continuar a pensar em 2023 poderia aceitar entrar numa nova solução governativa, "mas não com Xanana Gusmão" que considera "o maior culpado de toda a crise" que o país vive.
"Doze mil milhões de dólares gastos em 12 anos sob o seu comando, com 12 municípios a reclamarem tudo e a não terem nada", disse.
Se a solução alternativa de Governo não for possível, Alkatiri diz que o país tem de ir para eleições antecipadas, afirmando que o voto tem que ocorrer "só com monitorização de todo o sistema eleitoral pela comunidade eleitoral".
"Xanana Gusmão já viciou tudo isto. São acusações graves que assumo, que assumo pelo povo", disse.
Alkatiri considerou que as conferências nacionais realizadas pelos partidos da coligação no passado fim de semana, para cumprir um dos critérios definidos pelo Presidente da República, "foram um simulacro" de encontros partidários.
"Não se faz uma conferência nacional de um dia para o outro. Só por milagre. Aquilo foi o maior simulacro de todos os tempos", disse.
"E nunca deviam ter indigitado enquanto o Presidente estiver a decidir sobre a demissão ou não deste Governo", afirmou.
Questionado pelo facto de o chefe de Estado não ter ainda anunciado a sua decisão sobre o pedido de demissão do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, o líder da Fretilin disse que isso sugere uma rejeição.
"O Presidente esta há duas semanas a decidir e do meu ponto de vista é porque já recusou. E pelas leis que temos em Timor-Leste, enquanto o Governo não for demitido não há outro Governo indigitado.", disse.
"Foi pior a emenda do que o soneto. A primeira versão da coligação foi um nado morto e a segunda versão é uma tentativa de ressuscitar um nado morto. Mas a ressurreição é um poder exclusivamente divino", disse.
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