Cheias em Díli deveram-se a má ação governativa nos últimos anos
O secretário-geral da Fretilin, na oposição em Timor-Leste, considerou hoje que as cheias que assolaram Díli na sexta-feira, causando um morto e dois desaparecidos, se devem à má ação governativa dos últimos anos.
© Reuters
Mundo Fretilin
"Foi uma indisciplina que começa pelos próprios governos, sucessivos, desde 2007, que meteram o plano diretor de urbanização e ordenamento na gaveta", disse à Lusa, o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
"A partir daí foi a anarquia completa, sem padrões mínimos de construção, sem distância entre edifícios. Nada. Deixaram a anarquia e depois a população entrou com maior anarquia ainda", referiu
Alkatiri diz que estudos geológicos e hídricos e outros instrumentos de planeamento "não foram feitos ou se foram feitos, foram mal feitos, ou então foram feitos, mas aldrabados", com "falhas de políticas, falhas de programas e falhas técnicas".
Ainda que as calamidades naturais possam ocorrer em todo o mundo, Alkatiri considera que no caso de Díli, que foi quase destruída na violência depois do referendo em 1999, se perdeu a oportunidade de implementar um urbanismo adequado.
"E depois a população entra na mesma onda, porque nem aqui nem em lado nenhum, a população não se autodisciplina. Tem de ser democraticamente disciplinada. E só quando esta disciplina imposta se tornar cultura, então acatam ou eles próprios tomam a iniciativa", afirmou.
A acrescentar ao problema está o "um êxodo rural terrível" com gente a chegar à cidade "todos os dias", não havendo espaço para construir e acabando as casas por ser feitas "umas por cima das outras".
Alkatiri falava à Lusa depois da conferência nacional do partido que, entre outros documentos, aprovou uma declaração de solidariedade com as vítimas do temporal de sexta-feira.
"Com imensa tristeza, acompanhamos a situação grave que resultou da tempestade enorme que ocorreu em Díli", refere o texto.
"As chuvas fortes da tarde de ontem [sexta-feira] provocaram que as ribeiras se enchessem de água, com correntes fortes, que fez com que saíssem dos seus leitos causando a destruição em várias zonas", nota.
O partido recorda que muitas famílias "perderam tudo o que tinham, muitas casas foram inundadas, com água até à cintura que estragou quase tudo o que tinham" havendo a registar "danos físicos, incluindo mortes e situações de saúde grave".
"A natureza veio com a sua força, e porque a infraestrutura tem sido construída sem controle e sem estudos prévios, e em conjunto causam ainda mais sofrimento para o povo", nota.
Ainda que considere que "não é altura de se procurar culpar uns aos outros", o partido defende que "é tempo de se ver com muita atenção os erros cometidos durante o processo de desenvolvimento até hoje" para saber o que corrigir.
O partido apela aos militantes para que prestem apoio às famílias afetadas, quer na limpeza ou com bens alimentares ou outros de primeira necessidade.
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