Com 53 mortes, à data, devido ao novo coronavírus no Reino Unido, Boris Johnson falou hoje ao país e referiu que é altura de "passar à próxima fase".
O primeiro-ministro britânico refere que perante "o rápido crescimento" da curva, é esperado que o número de casos aumente exponencialmente a cada cinco dias.
"As famílias estão a ser aconselhadas a ficar em casa durante 14 dias se algum membro apresentar sintomas", refere Boris Johnson, salientando que é altura de reduzir o contacto social ao estritamente necessário.
"Devem trabalhar a partir de casa, se possível, e evitar cafés, bares e teatros", pediu.
No caso de alguém apresentar tosse permanente ou febre, deve ficar em casa durante sete dias, refere o governo, acrescentando que "a mesma regra se aplica a todos os membros que residam na casa".
Este apelo é particularmente importante para pessoas com mais de 70 anos, com doenças crónicas e que se encontrem grávidas, acrescenta Boris Johnson, referindo que a situação é particularmente grave em Londres, onde está concentrado o maior número de casos.
Patrick Vallance, principal conselheiro científico do governo, diz que o governo britânico está a implementar as medidas necessárias para "proteger a população e reduzir a propagação". Apesar de pedir que as pessoas fiquem em casa, o encerramento de escolas não foi decretado, mas permanece uma opção.
"A razão para fazer isto agora, e não mais cedo ou mais tarde, é que esta medida será muito perturbadora para as pessoas que têm esses problemas. Mas acredito que agora é necessário. Queremos garantir que este período de proteção máxima coincide com o pico da doença", acrescentou.
O diretor-geral de Saúde britânico, Chris Whitty, indica que idosos são o principal grupo de risco, mas que isso não significa que todas as pessoas mais velhas sejam seriamente afetadas.
Questionado sobre se as medidas são obrigatórias, Boris Johnson refere que o governo aconselha "seriamente" a que sejam cumpridas. Ao contrário do que foi decretado em Portugal , o primeiro-ministro britânico não proíbe as visitas a lares ou hospitais, mas aconselha a que não sejam feitas "visitas desnecessárias".
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde aconselhou os países, esta segunda-feira, a testar todos os casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus. O governo britânico diz concordar com a indicação.
Quanto à adoção de medidas mais drásticas, Boris Johnson revela que tal ainda "não se justifica" e que apenas países "que se encontram numa fase mais avançada da curva" estão a adotá-las.
As críticas ao governo britânico têm vindo a crescer de tom desde sexta-feira devido à abordagem menos severa para conter a pandemia de Covid-19 no Reino Unido, levando muitos especialistas a criticar a ideia de "imunidade em grupo", alertando para a incerteza sobre se a imunidade pós-vírus é real e permanece a longo prazo.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, deu várias entrevistas no domingo tentando desmistificar a ideia de que o governo não está a impor medidas de distanciamento social para deixar o novo coronavírus circular e imunizar a população.
"Temos um plano, baseado na experiência de cientistas líderes mundiais. A imunidade em grupo não faz parte disso. Esse é um conceito científico, não um objetivo ou uma estratégia", garantiu, num texto publicado no Sunday Telegraph.
O novo coronavírus já infetou 169 862 mil pessoas no mundo e fez 6526 mortes. Em Portugal, foi confirmada, esta segunda-feira, a primeira morte.