Reino Unido impõe novas medidas e diz que é tempo "de evitar contacto"

Na primeira conferência diária sobre a Covid-19, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson refere que está na altura de reduzir contacto social e trabalhar em casa, se possível.

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Silvia Abreu com Lusa
16/03/2020 16:59 ‧ 16/03/2020 por Silvia Abreu com Lusa

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Reino Unido

Com 53 mortes, à data, devido ao novo coronavírus no Reino Unido, Boris Johnson falou hoje ao país e referiu que é altura de "passar à próxima fase".

O primeiro-ministro britânico refere que perante "o rápido crescimento" da curva, é esperado que o número de casos aumente exponencialmente a cada cinco dias.

"As famílias estão a ser aconselhadas a ficar em casa durante 14 dias se algum membro apresentar sintomas", refere Boris Johnson, salientando que é altura de reduzir o contacto social ao estritamente necessário.

"Devem trabalhar a partir de casa, se possível, e evitar cafés, bares e teatros", pediu.

No caso de alguém apresentar tosse permanente ou febre, deve ficar em casa durante sete dias, refere o governo, acrescentando que "a mesma regra se aplica a todos os membros que residam na casa".

Este apelo é particularmente importante para pessoas com mais de 70 anos, com doenças crónicas e que se encontrem grávidas, acrescenta Boris Johnson, referindo que a situação é particularmente grave em Londres, onde está concentrado o maior número de casos.

Patrick Vallance, principal conselheiro científico do governo, diz que o governo britânico está a implementar as medidas necessárias para "proteger a população e reduzir a propagação". Apesar de pedir que as pessoas fiquem em casa, o encerramento de escolas não foi decretado, mas permanece uma opção.

"A razão para fazer isto agora, e não mais cedo ou mais tarde, é que esta medida será muito perturbadora para as pessoas que têm esses problemas. Mas acredito que agora é necessário. Queremos garantir que este período de proteção máxima coincide com o pico da doença", acrescentou.

O  diretor-geral de Saúde britânico, Chris Whitty, indica que idosos são o principal grupo de risco, mas que isso não significa que todas as pessoas mais velhas sejam seriamente afetadas.

Questionado sobre se as medidas são obrigatórias, Boris Johnson refere que o governo aconselha "seriamente" a que sejam cumpridas. Ao contrário do que foi decretado em Portugal , o primeiro-ministro britânico não proíbe as visitas a lares ou hospitais, mas aconselha a que não sejam feitas "visitas desnecessárias".

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde aconselhou os países, esta segunda-feira, a testar todos os casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus. O governo britânico diz concordar com a indicação.

Quanto à adoção de medidas mais drásticas, Boris Johnson revela que tal ainda "não se justifica" e que apenas países "que se encontram numa fase mais avançada da curva" estão a adotá-las.

As críticas ao governo britânico têm vindo a crescer de tom desde sexta-feira devido à abordagem menos severa para conter a pandemia de Covid-19 no Reino Unido, levando muitos especialistas a criticar a ideia de "imunidade em grupo", alertando para a incerteza sobre se a imunidade pós-vírus é real e permanece a longo prazo.

O ministro da Saúde, Matt Hancock, deu várias entrevistas no domingo tentando desmistificar a ideia de que o governo não está a impor medidas de distanciamento social para deixar o novo coronavírus circular e imunizar a população.

 "Temos um plano, baseado na experiência de cientistas líderes mundiais. A imunidade em grupo não faz parte disso. Esse é um conceito científico, não um objetivo ou uma estratégia", garantiu, num texto publicado no Sunday Telegraph.

O novo coronavírus já infetou 169 862 mil pessoas no mundo e fez 6526 mortes. Em Portugal, foi confirmada, esta segunda-feira, a primeira morte.

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