"Este coronavírus que chegou são as sanções contra os países que nos impuseram sanções. Deus está agora a puni-los e eles estão dentro de casa, enquanto as suas economias estão a gritar como a nossa, quando nos impuseram sanções", afirmou Muchinguri durante um comício em Chinhoyi, a cerca de 120 quilómetros da capital zimbabueana, Harare, no fim de semana.
A ministra acrescentou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, "devia saber que não é Deus".
"Eles devem enfrentar as consequências do coronavírus para que também sintam a dor", acrescentou a governante numa língua local.
As declarações de Muchinguri motivaram críticas de opositores políticos e de organizações de ajuda humanitária.
O Zimbabué não assinalou qualquer caso de infeção com o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, mas a vizinha África do Sul tem agora mais de 60 casos.
Por todo o continente, mais de metade dos 54 países anunciaram registo desta doença.
Durante o dia de hoje, o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, emitiu uma declaração em que refere que o seu executivo "está solidário com as pessoas afetadas a nível global".
A declaração de Mnangagwa, publicada no diário estatal The Herald, adotou uma posição mais moderada.
"As pandemias deste tipo têm uma explicação científica e não conhecem fronteiras e, como qualquer outro fenómeno natural, não podem ser imputadas a alguém", defendeu o chefe de Estado.
Apesar de regulares apoios económicos pelos EUA, União Europeia e Reino Unido -- países que têm contribuído para o Zimbabué combater a fome, a cólera e outras dificuldades -- as relações entre o país da África Austral e os países ocidentais não têm sido as melhores nos últimos 20 anos, devido às sanções aplicadas por alegados abusos dos direitos humanos.
O principal partido da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática, considerou que as declarações de Muchinguri foram "imprudentes, mórbidas e desumanas".
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em África, as autoridades de saúde detetaram mais de 350 casos de infeção com o novo coronavírus, distribuídos por mais 30 dos 54 países do continente.