"A campanha de descrédito do governo americano é imoral em qualquer circunstância e é particularmente ofensiva para Cuba e para o mundo durante uma pandemia que ameaça toda a gente", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através de uma nota diplomática de protesto.
O departamento de Estado norte-americano está a realizar uma "campanha contínua e exacerbada de descrédito e de mentiras contra a cooperação internacional fornecida por Cuba", acrescentou.
A pedido dos respetivos países, Cuba enviou, nas últimas semanas, brigadas médicas à Venezuela, Nicarágua, Itália, Suriname, Jamaica e Belize.
Segundo dados oficiais o retorno financeiro da exportação de médicos eleva-se a 6,3 mil milhões de dólares (cerca de 5,7 mil milhões de euros), é um dos motores da economia cubana, seguida do turismo.
Os Estados Unidos consideram que "Cuba oferece estas missões médicas internacionais aos países atingidos pela covid-19 para recuperar o dinheiro perdido quando outros países deixaram de participar nesse programa abusivo".
"Os países que pedem ajuda de Cuba para o covid-19 deveriam reavaliar os acordos e pôr um fim às condições de trabalho abusivas", escreveu, na rede social 'Twitter' o departamento de Estado norte-americano, também reproduzido pela embaixada dos EUA em Havana.
O programa de envio de médicos cubanos para o estrangeiro -- mais de 30 mil repartidos em 61 países -- foi denunciado por diversos países e encabeçado pelos Estados Unidos.
Como consequência, Cuba perdeu os contratos com o Brasil, Bolívia, Equador e São Salvador.
Os Estados Unidos consideram que "o governo cubano fica com a maior parte do salário dos médicos e enfermeiros que se encontram nestas missões e coloca-os em condições de trabalho atrozes".
Por sua vez, Cuba garante pagar a esses profissionais uma verba que cobre as respetivas necessidades no país anfitrião para além do respetivo ordenado (cerca de 45 euros mensais), destinando os fundos para garantir aos seus habitantes a gratuitidade do acesso aos serviços de saúde e educação.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.
Dos casos de infeção, pelo menos 108.900 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.