Covid-19: Com mundo em 'emergência', Coreia do Norte não reporta casos
País tomou medidas radicais no início do surto viral quando ainda apenas a China estava em situação descontrolada.
© Reuters
Mundo NY Times
Com centenas de países a lutar contra a pandemia do novo coronavírus, a Coreia do Norte continua a dizer não ter registo de casos ou mortes. Este facto intrigou o jornal New York Times, que procurou uma resposta.
Temendo-se que o número de casos e óbitos pudesse estar a ser escondido da opinião pública, o jornalista Choe Sang-Hun lembra, contudo, que o país liderado por Kim Jong-un, com o 'rebentar' da crise na China, foi dos mais lestos a tomar medidas gravosas.
Em janeiro, o regime coreano tinha decretado o fecho de fronteiras, sobretudo com um dos seus parceiros preferenciais em termos comerciais, a China.
Além destas medidas, obrigou todos os diplomatas de Pyongyang a cumprir um período de quarentena de um mês, ao mesmo tempo que pôs as autoridades a combater o contrabandismo.
Ainda assim, face ao seu isolamento do resto do mundo, teme-se que o país não tenha os bens essenciais, quer médicos quer alimentícios, para lutar eficazmente contra a chegada desta doença, estranhando-se por isso a ausência de casos.
"Podemos perceber de forma imediata o que vai acontecer se surgir um surto de pacientes de Covid-19. Rapidamente vai fazer o sistema colapsar", defende o professor Kee B. Park, da Harvard Medical School, explicando que o facto de não haver registo de casos pode estar ligado ao facto de a Coreia do Norte nem ter sequer equipamentos de deteção para apurar se uma pessoa está infetada ou não.
"[Eles dizem que não têm casos] porque podem tê-los mas simplesmente não sabem como os detetar. Por essa razão, eles podem dizer que não são casos confirmados", explica o mesmo professor, abrindo espaço para o responsável de uma associação de desertores do regime explicar que já há pessoas a morrer.
"É um mentira imensa dizerem que não têm casos. A única coisa que não querem é que o caos irrompa quando as pessoas perceberem que estão a morrer de uma epidemia sobre a qual ninguém tem cura", explica Seo Jae-pyoung, secretário-geral de uma associação de desertores do regime coreano com base em Seul.
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