A viver uma época de pressão máxima sobre os seus serviços de saúde, com múltiplos doentes a terem de ser ingressados nos serviços de cuidados intensivos, por causa do novo coronavírus, os médicos espanhóis estão agora a lidar com a escassez de sedativos, como reporta o jornal El País.
De acordo com esta publicação, em muitos casos os médicos estão a reduzir as doses dadas aos pacientes ou, em alternativa, a utilizar fármacos já em desuso.
Pressionados para dar resposta imediata a milhares de casos, vivendo uma escassez de meios a nível nacional, mas também internacional, com as farmácias hospitalares quase esgotadas, estes profissionais de saúde estão a adaptar tudo o que podem.
"Estamos a ter de ir ao fundo do armário", afirma Manuela García, autora do protocolo de uso deste tipo de fármacos pela Sociedade Espanhola de Medicina Intensiva, Crítica e unidades coronárias.
Segundo El País, um dos fármacos em falta é o midazolam, medicamento usado para sedação profunda dos pacientes e que permite aos ventiladores fazerem a sua função. "Devido à pandemia de Covid-19, estamos a sofrer falta de abastecimento a nível nacional e internacional e isso obriga-nos a considerar outras opções de sedação não tão habituais", explica a autora deste protocolo.
De acordo com Manuela García, no guia por ela elaborado, o ideal, nesta fase é que os hospitais recorram a alternativas que se possam encontrar com facilidade, mas alerta para o facto de "nem sempre as alternativas sejam as mais desejadas", mas as decisões têm de ser tomadas "pensando na disponibilidade de fármacos existentes em cada hospital".
"Tivemos de recorrer a outros fármacos não habituais ou que sendo habituais eram de uso preferencial para outras funções", explica García, médica de Cuidados Intensivos no Hospital Virgen Macarena de Sevilha.
Medicamentos como midazolam, benzodiazepinas como o tranxilium ou o lorazepam, usados para sedação profunda, mas também o stock de propofol, estão a esgotar-se de forma rápida.