Senegal vai continuar tratamento com antipalúdico mas avisa para riscos

Os serviços de saúde senegaleses vão continuar o tratamento de pacientes infetados pelo novo coronavírus com hidroxicloroquina (antipalúdico), porque "recuperam mais rapidamente", afirmou hoje o responsável pelo núcleo de combate à pandemia no Senegal.

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Lusa
02/04/2020 16:49 ‧ 02/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

O primeiro registo de casos de infeção pelo novo coronavírus neste país ocorreu precisamente há um mês, em 02 de março, totalizando hoje 195 pessoas afetadas pela pandemia da covid-19.

Um paciente morreu na terça-feira - o antigo presidente do clube francês Olympique de Marseille, Pape Diouf -, um outro doente foi transportado para França, 138 estão em tratamento e 55 estão curados, de acordo com o Ministério da Saúde.

"Os doentes em tratamento, especialmente os que se encontram com o tratamento específico, com hidroxicloroquina, curam-se mais depressa, já reparámos", afirmou numa conferência de imprensa Moussa Seydi, chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital de Fann, em Dakar, e coordenador do núcleo de combate à pandemia no Senegal.

O professor explicou que, em 27 de março, quase metade dos doentes tinham sido tratados com hidroxicloroquina, um derivado sintético de quinino disponível no mercado.

Isto quando decorre um debate entre os que defendem e os que advertem contra a utilização do quinino no tratamento de pacientes infetados com o novo coronavírus.

"Quando se trata de ciência, a observação por si só não é suficiente e é necessária uma investigação exaustiva para que uma atitude possa ser validada", afirmou o professor senegalês.

"Mas os resultados que vimos tranquilizam-nos e tranquilizam toda a minha equipa e vamos continuar nessa direção", acrescentou.

Moussa Seydi adiantou que os serviços irão, "nos próximos dias, combiná-la com azitromicina [antibiótico]", o que deverá "permitir ter melhores resultados".

O chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital de Fann "insistiu" que estes resultados "não devem conduzir à automedicação, que continua a ser perigosa".

É para "evitar efeitos secundários desconhecidos e talvez graves" que, até agora, os doentes só têm sido tratados com hidroxicloroquina, "embora se saiba que a sua associação à azitromicina é mais eficaz", explicou.

Mas "sem efeitos secundários" nos doentes, "temos o direito de passar à segunda fase", frisou.

O tratamento contra a malária (paludismo) com cloroquina e o seu derivado hidroxicloroquina só deve ser utilizado para tratar doentes da covid-19 em ensaios clínicos ou "programas de emergência", advertiu quarta-feira a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), após os pedidos de prudência da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No final de março o diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) disse em entrevista à Lusa que a cloroquina não previne infeções pelo novo coronavírus, mas admitiu que pode ajudar a conter o vírus em doentes com covid-19.

"O nosso conselho é que as pessoas não utilizem a cloroquina profilaticamente porque não vai funcionar. A cloroquina só vai começar a funcionar a partir do momento em que a pessoa estiver infetada e vai ajudar a diminuir a replicação do vírus ao nível do pulmão", afirmou Filomeno Fortes.

Outros países de África, entre eles a República Democrática do Congo (RDCongo) tem estado a usar a cloroquina em pacientes com a doença.

O diretor do Instituto Nacional de Investigação Biomédica da RDCongo e coordenador da unidade técnica de luta contra a covid-19, Jean-Jacques Muyembe, anunciou também no final de março que pretendia administrar cloroquina em pacientes com a doença provocada pelo novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 508 mil infetados e mais de 34.500 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 13.155 óbitos em 110.574 casos confirmados até quarta-feira.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 10.003, entre 110.238 casos de infeção confirmados, enquanto os Estados Unidos são o que contabiliza mais infetados (216.722).

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.589 casos (mais de 76 mil recuperados) e regista 3.318 mortes. A China anunciou hoje 35 novos casos, todos oriundos do exterior, e mais seis mortes.

O número de mortes em África subiu para pelo menos 209 num universo de mais de 5.940 casos confirmados em 49 países, de acordo com as estatísticas sobre a doença no continente.

O número de infeções pelo novo coronavírus em África ultrapassou hoje a marca dos seis mil casos (6.313), registando-se 221 mortes em 49 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente africano.

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