"As ações imediatas que os países africanos devem tomar são a revisão dos orçamentos para dar prioridade à despesa nos sistemas de saúde, incluindo na logística e na infraestrutura, compra de produtos médicos e farmacêuticos, equipamentos e materiais", entre outros, lê-se no relatório da UNECA sobre o impacto económico da pandemia em África.
Entre as prioridades que os técnicos recomendam aos governos africanos está também a "criação de um fundo de emergência para aumentar a proteção social, dirigido especialmente aos trabalhadores informais que não têm proteção social e que podem ser fortemente impactados pela crise".
No documento recomenda-se ainda o "aumento do financiamento à pesquisa e desenvolvimento de vacinas, que é praticamente inexistente, o que dificulta a capacidade de resposta dos países durante a pandemia".
No relatório de 35 páginas, os economistas da UNECA passam em revista os principais números sobre o impacto estimado da pandemia da covid-19, antevendo que o continente africano possa, em vez de um crescimento de cerca de 3,5%, registar uma recessão económica de 1,1% este ano, no cenário mais pessimista.
Entre as recomendações direcionadas à crise económica que surge a par da crise de saúde provocada pela pandemia da covid-19, a UNECA defende igualmente que os governos africanos "considerem empréstimos para fundos de emergência nos mercados internacionais para apoiar a despesa, já que as taxas de juro estão atualmente baixas".
A comissão advoga também a aplicação de medidas para proteger as pequenas e médias empresas, incluindo "garantias ao setor privado" e uma "descida das taxas de juro dos bancos centrais para aumentar os empréstimos aos negócios e dar aos bancos comerciais mais liquidez para apoiar as atividades empresariais".
A renegociação "dos pagamentos da dívida externa e das condições para garantir o pagamento tranquilo do serviço da dívida, incluindo a suspensão dos juros da dívida durante a crise, estimados em 44 mil milhões de dólares [40,8 mil milhões de euros], e possíveis extensões da duração do plano", é outra das medidas defendidas pela UNECA.
O "teste sistemático de todos os casos suspeitos", o isolamento social dentro de casa e dentro das fronteiras, a "divulgação transparente" dos dados e a colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para além de um conjunto de medidas de saúde pública que têm estado a ser seguidas um pouco pelo mundo inteiro, concluem as recomendações da UNECA, que defende também a renegociação de um cessar-fogo com os grupos rebeldes presentes em vários países africanos.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 414 nas últimas horas num universo de mais de 9.200 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.
Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África), registaram-se 813 doentes recuperados após a infeção.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.