Durante uma conferência de imprensa em Berlim, a chanceler, cujo país vai assumir a presidência rotativa semestral do Conselho da UE a partir de julho deste ano, declarou que "a resposta" a esta crise só poderá passar por "mais Europa, uma Europa mais forte e uma Europa que funcione bem".
"Estamos perante um grande desafio para a saúde da nossa população", sublinhou a política alemã, lembrando que, mesmo em níveis diferentes, todos os países foram atingidos pela pandemia.
"É por isso que é do interesse de todos, e também da Alemanha, que a Europa saía mais forte deste teste", frisou.
Estas declarações da líder alemã ocorrem na véspera de uma importante reunião dos ministros das Finanças europeus que será dedicada aos instrumentos económicos e financeiros a serem adotados para apoiar as economias mais afetadas pela pandemia da covid-19, que paralisou quase todo o continente europeu.
A líder conservadora alemã referiu, na mesma conferência de imprensa, que a Europa devia tornar-se mais "soberana" na produção de máscaras de proteção individual, numa altura em que a grande procura por este produto por causa da pandemia do novo coronavírus suscitou uma competição global impiedosa.
"Embora este mercado esteja atualmente localizado na Ásia, é importante que aprendamos com esta pandemia que também precisamos de uma certa soberania, ou pelo menos de um pilar, para realizar a nossa própria produção", na Alemanha ou na Europa, referiu a chanceler alemã.
Na sexta-feira, o responsável pela pasta do Interior do governo regional de Berlim, Andreas Geisel, denunciou que os Estados Unidos tinham desviado um carregamento com 200 mil máscaras de proteção que estava destinado à polícia da capital alemã, uma ação que classificou como "pirataria moderna".
A par da Alemanha, vários presidentes de regionais em França já tinham acusado anteriormente intermediários norte-americanos de "licitarem" e reterem máscaras encomendadas e compradas à China.
Os Estados Unidos rejeitam estas acusações.
Angela Merkel voltou a rejeitar, nesta fase, qualquer atenuação das medidas restritivas aplicadas no país para conter a propagação do novo coronavírus, precisando que qualquer decisão nesse sentido seria aplicada de forma faseada.
A Alemanha não decretou o confinamento da população, mas todas as escolas e a maioria das lojas estão encerradas.
A par disto, o executivo apelou ao teletrabalho e os ajuntamentos em espaços públicos com mais de duas pessoas estão proibidos.
Estas medidas estão em vigor pelo menos até 19 de abril.
A Alemanha registou hoje menos novos casos diagnosticados (3.677) e um decréscimo do número diário de vítimas mortais (92) em relação ao dia anterior, tendo agora, no total, 95.391 infetados e 1.434 mortes registadas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil.
Dos casos de infeção, mais de 240 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 676 mil infetados e mais de 50 mil mortos, é o mais afetado pela pandemia.