Os profissionais de saúde vestiram, ao longo das últimas semanas, as 'capas de heróis' ao assumirem um papel fundamental na linha da frente do combate à pandemia de Covid-19, tendo sido (literalmente) aplaudidos um pouco por todo o mundo. Há, no entanto, algumas exceções à regra.
É o caso da Argentina, onde se vão multiplicando os casos de represálias de que estes profissionais têm vindo a ser alvo. Um dos casos mais mediáticos registou-se na passada semana, após uma publicação de Fernando Gaitán nas redes sociais.
Este farmacêutico natural de Buenos Aires chegou a casa após "muitos dias de stress e angustia", tendo-se deparado com uma mensagem de tom ameaçador que foi afixado no elevador do apartamento no qual reside há largos anos.
"Se és médico, enfermeiro, farmacêutico ou te dedicas à saúde!!! Sai do edifício porque vais contagiar-nos a todos, filho da p***!!! Os teus vizinhos", pode ler-se no papel que Fernando Gaitán partilhou no Facebook.
Mais recentemente, uma jovem médica do bairro de Belgrano, que deixou a casa onde vivia com os pais para evitar o risco de contágio, foi surpreendida por um papel que lhe foi colocado debaixo da porta poucos dias após se mudar para um novo apartamento.
"Face ao alto risco criado pela sua atividade, comunicou-se à autoridade correspondente a situação de risco gerada no edifício e que, até que se tome outra medida, é intimada a evitar transitar e permanecer em zonas comuns", referia a nota, divulgada pelo portal Infobae.
Um episódio semelhante viveu Elizabeth Melania Alfaro, profissional de oncologia, no bairro de Villa Ortuzar, próximo a Belgrano: "Aqui vivem muitos adultos de idade avançada, população de risco. Tomem as medidas necessárias para isto não ter que ir para a Justiça. Têm que cuidar de nós e ser responsáveis, pensem no outro!".