Conselheiro de Trump diz que é cedo para reabrir a economia dos EUA

O principal conselheiro da Casa Branca na crise da pandemia da covid-19, Anthony Fauci, disse hoje que ainda não chegou a altura para reabrir a economia dos Estados Unidos.

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Lusa
14/04/2020 17:26 ‧ 14/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Nos últimos dias, o Presidente dos EUA, Donald Trump, tem insistido na necessidade de uma reabertura rápida da economia do país, dizendo mesmo que tem "autoridade total" para decretar a diminuição das medidas de contenção nos vários estados, apesar das resistências e alguns governadores.

Hoje, o principal conselheiro científico da Casa Branca veio dizer que os Estados Unidos ainda não possuem os procedimentos críticos de teste e rastreamento necessários para reabrir a economia do país, acrescentando uma dose de cautela às projeções otimistas do Presidente.

"Precisamos de ter algo eficiente e confiável. E ainda não estamos nesse ponto", disse Anthony Fauci, numa entrevista à agência Associated Press, desaconselhando qualquer tentativa nesse sentido no início de maio, como defende Donald Trump.

Entre as principais preocupações de Fauci está a possibilidade de novos surtos em locais onde o distanciamento social diminua, numa altura em que as autoridades de saúde pública ainda não têm capacidade para isolar novos casos e rastrear os que contactem com pessoas infetadas pelo novo coronavírus.

"Garanto que, quando começarmos a recuar, vai haver infeções", explicou Fauci, dizendo que a prioridade deve ser "tirar as pessoas de circulação, se elas estiverem infetadas".

Apesar de discordar de várias decisões do Governo federal no combate à pandemia da covid-19, Fauci mantém-se como principal conselheiro de Donald Trump, aparecendo por diversas vezes ao lado do Presidente nas conferências de imprensa na Casa Branca.

Fauci reconhece que o papel dessas comunicações presidenciais é importante, mas admitiu que a duração desses 'briefings' -- o de segunda-feira durou quase duas horas e meia -- é "realmente desgastante".

"Se eu pudesse apenas fazer alguns comentários e depois ir trabalhar, seria bem melhor", confessou o investigador, esclarecendo que grande parte do seu tempo fora da sala de reuniões da Casa Branca tem sido passado a analisar a propagação do novo coronavírus.

Fauci disse ainda que as autoridades sanitárias dos Estados Unidos estão concentradas em validar a eficácia dos testes de imunidade, que será cruciais para saber em que ponto as pessoas podem voltar às ruas, mas reconhece que ainda não se chegou ao ponto de o poder fazer com toda a segurança.

"A pior coisa que poderia acontecer era enviar alguém para a rua, julgando que ele estaria imune, para de seguida percebermos que nos tínhamos enganado", disse Fauci.

Outro problema valorizado por Fauci diz respeito ao facto de os especialistas ainda não terem um entendimento sólido sobre quantas vezes as pessoas que não apresentam sintomas estão a espalhar o vírus.

Olhando para o futuro, Fauci disse que uma segunda onda de infeção não é inevitável.

"Se chegarmos a setembro, outubro e novembros e aparecer novo pico de infeções, não ficarei surpreendido. Espero que, se e quando isso ocorrer, possamos ser muito mais eficazes do que fomos nos últimos meses", concluiu Fauci.

Os Estados Unidos já registaram mais de meio milhão de infeções e mais de 23 mil mortes com covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

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