Ministra italiana defende regularização de 600 mil estrangeiros

A ministra da Agricultura de Itália defendeu hoje a regularização de 600.000 imigrantes em situação irregular para ajudar a relançar a economia, fortemente afetada pela pandemia ligada ao coronavírus, suscitando críticas da extrema-direita.

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Lusa
14/04/2020 17:27 ‧ 14/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

"Chega de hipocrisia e de enterrar a cabeça na areia. É esta a minha resposta à reflexão sobre os cerca de 600.000 clandestinos a regularizar para relançar a economia", afirmou Teresa Bellanova num artigo publicado pelo jornal Il Foglio.

A ministra, que pertence ao Italia viva, o novo partido centrista criado pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, respondia a dois colunistas do jornal que apelaram para a regularização de "600 mil invisíveis sem acesso a apoio socioeconómico e que escapam a qualquer monitorização".

"Nenhuma instalação informal, nenhum trabalhador na sombra", afirmou, criticando aqueles que "insistem em não os ver" e "apenas se lembram quando o irreparável o obriga".

"Sim, cabe-nos a nós, aos políticos, aos que governam, encarregarmo-nos das contradições que a realidade nos impõe, ou outros se encarregarão delas: o crime".

A Liga, o partido de extrema-direita liderado por Matteo Salvini, insurgiu-se imediatamente contra a proposta da ministra.

O artigo de Bellanova "resume a visão delirante que este governo tem do fenómeno da imigração clandestina", denunciou o ex-ministro da Agricultura e senador da Liga Marco Centinaio.

"Os incessantes desembarques de clandestinos, incluindo positivos para covid-19, não chegam, como não chegam os portos sempre abertos. Agora, o governo, através da ministra Bellanova, também quer meter-se na agricultura", acrescentou.

Apoiado por outros senadores da Liga, o ex-ministro defendeu que o Governo devia antes apelar aos desempregados, que recebem subsídios, para trabalharem no campo.

A Itália, um dos países mais afetados pela pandemia ligada ao novo coronavírus, ordenou a 09 de março o confinamento da população e o encerramento de grande parte dos estabelecimentos, inicialmente apenas nas quatro províncias do norte do país, onde surgiu o surto, e dias depois alargado a todo o território.

As medidas, destinadas a travar a propagação do vírus SARS-CoV-2, têm efeitos económicos graves, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a antever, nas previsões divulgadas hoje, uma recessão de 9,1% em 2020 e uma subida do desemprego para os 12,7%.

O mais recente balanço oficial de casos do novo coronavírus em Itália, divulgado na segunda-feira, regista 103.616 casos de infeção e 20.465 mortes associadas à covid-19.

Surgido em dezembro na China, o novo coronavírus já fez mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

 

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