Líbano: Centenas participam em funeral de manifestante em Tripoli
Centenas de libaneses participaram hoje no funeral de um manifestante morto durante a noite em confrontos entre o exército e contestatários na cidade de Tripoli.
© Reuters
Mundo Tripoli
Fawaz Fouad al-Saman, 26 anos, foi atingido com munição real, disse a sua irmã Fatma à agência France-Presse, acusando o exército de ser responsável.
"Ele saiu à rua para reivindicar os seus direitos, não estava armado e não atirou pedras ao exército", assegurou, qualificando o mecânico e pai de uma rapariga pequena de "mártir da revolução".
O exército expressou o seu "profundo lamento" ao anunciar a abertura de um inquérito, garantindo respeitar a liberdade de expressão desde que a mobilização não se transforme em vandalismo.
Hoje à tarde enquanto decorria o funeral, numa rua próxima com vários bancos, dezenas de manifestantes atiraram bombas incendiárias de fabrico caseiro, causando incêndios em pelo menos dois bancos.
Efetivos militares foram rapidamente destacados para a zona para tentar evitar mais distúrbios.
A violência em Tripoli, a segunda maior cidade libanesa onde tem aumentado o desemprego e a pobreza, começou ao final do dia de segunda-feira e continuou durante a noite.
Segundo um operador de câmara da AFP, Tripoli foi invadida pelo fumo do gás lacrimogéneo e ouviram-se tiros de aviso.
A Associação Médica Islâmica deu conta de um morto e de 27 feridos nos confrontos.
O exército disse num comunicado que "desordeiros se infiltraram junto dos manifestantes para atacar bancos" e que também atiraram bombas incendiárias caseiras e granadas contra o exército e incendiaram um veículo militar. Quarenta militares ficaram feridos, segundo as forças armadas.
A grave crise económica que afeta o país desencadeou em outubro de 2019 um levantamento inédito contra a classe política, acusada de corrupção e incompetência.
Nos últimos dias o Líbano tem assistido a um recrudescimento da tensão. Aproveitando um alívio do confinamento devido à pandemia do novo coronavírus, que já infetou 710 pessoas e matou 24, os contestatários relançaram a mobilização para denunciar a inflação galopante e a desvalorização sem precedentes da libra libanesa.
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