"Ao longo dos últimos dois anos, a comunidade profissional da área dos media vem recebendo, com muita apreensão, a ocorrência de vários eventos atentatórios às liberdades de imprensa e de expressão", refere um comunicado subscrito pelas quatro organizações, numa nota sobre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que hoje se assinala.
Nos últimos anos, tendem a crescer, em Moçambique, cenários preocupantes de multiplicação do cerco contra a imprensa, diz o texto subscrito pelo Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) em Moçambique, Fórum das Rádios Comunitárias de Moçambique (Forcom), Sekelekani (organização não governamental) e Rede de Comunicadores Amigos da Criança (Recac).
"A detenção [no ano passado] dos jornalistas Amade Abubacar e Adriano Germano, acusados de apoiar os insurgentes em Cabo Delgado, são exemplos" da deterioração do ambiente em que os jornalistas operam em Moçambique, destacam as organizações.
Amade Abubacar e Germano Adriano foram ilegalmente detidos em quartéis das forças de defesa e segurança moçambicanas, na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, acabando por ser libertados várias semanas depois, após pressões internas e externas.
Um outro caso de cerceamento da liberdade de imprensa, avançam as quatro organizações, foi o desaparecimento, a 07 de abril deste ano, do Jornalista Ibraimo Abu Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, supostamente raptado pelas forças de defesa e segurança.
"Até ao presente momento, o seu paradeiro continua desconhecido. Vários apelos foram feitos e esperamos que as autoridades trabalhem no sentido de restaurar a liberdade do jornalista, assim como responsabilizar os raptores", diz o comunicado.
No dia 14 de abril, o jornalista Izidine Achá, do canal privado STV, foi ilegalmente detido por membros das forças de defesa e segurança, na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, mas acabou libertado, depois de ter sido obrigado a apagar as imagens que captou de uma ação das autoridades naquela cidade.
As quatro organizações assinalam que no contexto do estado de emergência decretado no país para a prevenção da covid-19, tem-se assistido a uma atuação excessivamente violenta das forças de defesa e segurança.