Washington acusa Pequim e Moscovo de coordenarem "desinformação"

Os Estados Unidos acusaram hoje a China e a Rússia de terem "acelerado" a sua cooperação em matéria de "propaganda" e "desinformação" sobre o novo coronavírus.

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© Reuters

Lusa
08/05/2020 21:47 ‧ 08/05/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Este é mais um episódio na escalada da guerra de palavras sino-americana sobre a origem da pandemia de covid-19.

"Antes da crise da covid-19, já tínhamos visto um certo nível de coordenação entre a Rússia e a República Popular da China em matéria de propaganda", disse a coordenadora do Centro de Análise e Contra-medidas de Propaganda Estrangeira do Departamento de Estado norte-americano, Lea Gabrielle.

Numa conferência de imprensa telefónica com jornalistas, a responsável acrescentou que, "com esta pandemia, a cooperação acelerou rapidamente".

Segundo Lea Gabrielle, "esta convergência é o resultado do pragmatismo dos dois atores, que querem moldar a interpretação da opinião pública sobre a pandemia de covid-19 ao seu próprio interesse".

No final de março, quando o presidente norte-americano Donald Trump e o seu homólogo chinês Xi Jinping concluíram uma trégua informal na guerra de palavras entre as duas grandes potências sobre a origem da doença, Washington congratulou-se com o facto de a China já não espalhar na Internet teorias da conspiração sobre o envolvimento norte-americano. A trégua rapidamente caiu por terra.

A administração Trump acusa as autoridades chinesas de terem tardado em alertar o mundo para a epidemia e de terem ocultado a sua extensão, dizendo que são, portanto, "responsáveis" pela sua propagação global, pela morte de centenas de milhares de pessoas e pela atual crise económica sem precedentes.

O Presidente dos EUA e o seu Secretário de Estado, Mike Pompeo, suspeitam agora abertamente de Pequim ter escondido um acidente de laboratório que teria estado na origem da pandemia. O chefe da diplomacia americana assegurou ter "imensas provas" de que o vírus, de origem natural, provinha de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan, admitindo não ter a "certeza" do mesmo.

Mas Trump não apresentou qualquer prova e esta tese, que não foi publicamente confirmada pelos serviços secretos americanos, apenas se baseia, nesta fase, nestas suspeitas.

A diplomacia chinesa classificou esta acusação de desinformação, acrescentando que Mike Pompeo "não pode apresentar qualquer prova", "porque não tem nenhuma".

Por detrás da mentalidade de "culpar sempre a China" está "um jogo político sujo, jogado por um punhado de pessoas que desviam a atenção para ganhos políticos", protestou o embaixador chinês em Washington, Cui Tiankai, ao Washington Post.

O presidente russo Vladimir Putin denunciou hoje, numa chamada telefónica com Xi Jinping, "tentativas de certas forças para usar a epidemia como pretexto para acusar a China", segundo a agência noticiosa oficial Chine Nouvelle. A Rússia "apoiará fortemente a China", acrescentou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 271 mil mortos e infetou quase 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

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