Segundo o jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso a um depoimento numa investigação solicitada pela Procuradoria-geral da República sobre interferência política na Polícia Federal, Ramagem declarou que obteve a confiança de Bolsonaro depois de ser escolhido para assegurar a sua segurança, após as eleições presidenciais, e negou ser amigo dos filhos do Presidente brasileiro.
Alexandre Ramagem, que atualmente chefia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), tinha sido nomeado para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal no final de abril, mas uma decisão do juiz do STF Alexandre de Moraes impediu a sua posse.
O juiz entendeu que Ramagem não deveria ocupar o cargo até que as suspeitas levantadas contra si pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fossem esclarecidas.
No final de abril, Moro declarou que Bolsonaro demitiu o antigo chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo, para interferir politicamente nas investigações realizadas pela corporação.
Após ter lançado estas acusações contra Jair Bolsonaro, Moro pediu demissão.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública alegou que o chefe de Estado tentou interferir na Polícia Federal para obter informações sobre investigações sigilosas em inquéritos que envolvem os seus filhos e aliados próximos.
Já Bolsonaro negou que tenha praticado qualquer interferência política naquele órgão e acusou o ex-ministro de o pressionar para ocupar uma cadeira de juiz no STF, que ficará vaga em novembro.
As declarações de Moro levaram o procurador-geral da República, Augusto Aras, a pedir uma investigação que está a ser conduzida junto do STF.
O depoimento de Ramagem faz parte de uma série de procedimentos e depoimentos que foram solicitados para esclarecer o caso.