"Temos de olhar para as tendências globais além desta crise de saúde. A China está a tentar reescrever a ordem mundial que permitiu que este hemisfério prosperasse desde a II Guerra Mundial", disse Faller num discurso na 5.ª edição da Conferência de Segurança no Hemisfério, organizada pela Universidade Internacional da Florida.
A conferência, realizada pela primeira vez virtualmente, reúne especialistas em geopolítica internacional com oradores como o ex-Presidente da Costa Rica Guillermo Solís, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ou a ex-embaixadora dos Estados Unidos em El Salvador Jean Manes.
Na conferência inaugural, sobre "Ameaças e oportunidades nas Américas", o almirante explicou como durante a pandemia os Estados Unidos estão a apoiar os seus aliados pela "prosperidade económica e democrática", com recursos superiores 65 milhões de dólares.
Craig Faller alertou que em países como a Venezuela se desconhece o impacto real da covid-19, devido às "mentiras do Presidente Nicolas Maduro", e sublinhou que os Estados Unidos continuam "a procurar o caminho para uma transição democrática através da pressão económica e diplomática".
Apesar de mais de 50 países terem reconhecido Juan Guaidó como presidente legítimo interino da Venezuela, já passou mais de um ano desde que foi eleito e não ocorreu qualquer mudança de poder no país.
De momento, Faller indicou que "não houve qualquer mudança na estratégia a ser seguida" ou "qualquer progresso nesse assunto", mas que o Comando Sul tem "muito presente" a situação "para quando o Governo legítimo for restaurado".
"A Rússia, a China ou Cuba estão a trabalhar a partir do interior contra a democracia na Venezuela. Portanto, os nossos esforços visam favorecer as condições para que haja uma transição e, assim, seja possível expulsar estas forças antidemocráticas", afirmou.
Por outro lado, o Comando Sul também está a trabalhar com outras nações aliadas, como a Colômbia ou o Brasil, para fortalecer "a liberdade" daqueles países que têm "democracias e instituições jovens" que podem ser suscetíveis à influência da corrupção e do narcoterrorismo.
Desde abril, tiveram início uma série de operações conjuntas para acabar com as redes de narcóticos na região das Caraíbas com a colaboração dos países vizinhos, "para acabar com uma ameaça que existia muito antes da crise da covid-19", adiantou.
"Esta luta não começou em abril, mas está aberta há décadas. Temos de pressionar estas redes, trabalhando com os nossos aliados, para eliminar as suas fontes de rendimento. No ano passado, 50% de nossas apreensões foram em conjunto com outros países", acrescentou Faller.
Na última destas operações, mais de 1.500 quilogramas de marijuana foram recuperados em 02 de maio, a cerca de 24 quilómetros a nordeste de Navassa, uma ilha desabitada entre o Haiti e a Jamaica, onde três narcotraficantes foram apanhados com a mercadoria a bordo de dois barcos de cerca de 10 metros de comprimento.