África tem de ser ativa na descoberta de uma vacina, diz CDC
O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana defendeu hoje a participação de África em todas as fases de desenvolvimento de uma vacina para a covid-19, considerando que inspiraria confiança nas populações.
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Mundo Covid-19
"<span class="nanospell-typo">África deve participar no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19. Não apenas na fase de testagem, mas também na investigação e desenvolvimento e, se possível, em todas as fases de ensaio", disse John Nkengasong.
"A narrativa de que África terá de esperar pelo desenvolvimento de uma vacina em outro lugar para a poder receber tem de mudar. O continente tem de ser um agente ativo" na descoberta da vacina, acrescentou.
O diretor do África CDC, que falava na conferência de imprensa semanal, a partir da sede da União Africana, em Adis Abeba, apontou que não se sabe de onde poderá surgir a resposta para a pandemia e defendeu a participação africana nesse esforço.
"Temos cientistas muito capazes que têm conduzido ensaios de vacinas ou ensaios clínicos ao longo dos anos", disse.
Como exemplos, apontou os ensaios para a vacina do Ébola feitos na África Ocidental ou os ensaios clínicos na área da HIV/Sida, que ele próprio conduziu na Costa do Marfim.
"O continente sabe como fazer e temos instituições em África que sabem como produzir vacinas. O Instituto Pasteur, no Senegal, vem produzindo vacinas para a febre-amarela há anos, produziu centenas de milhares de vacinas", assinalou.
John Nkengasong apelou, por isso, para que África "não seja apenas espetador na procura pela vacina".
"Será desta forma que inspiraremos confiança. Uma vacina desenvolvida e testada pelas nossas próprias pessoas, que poderá ser usada pelas populações sem desconfiança, desinformação ou preconceitos", apontou.
Durante a conferência de imprensa, o diretor do África CDC recordou ainda as orientações para o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento de doentes com covid-19, depois de o Senegal ter anunciado que continuará a usá-lo.
O medicamento usado para tratar doentes com malária, disponível no mercado, está no centro de uma disputa internacional entre especialistas quanto à sua eficácia e segurança.
Um estudo realizado em quase 15.000 pacientes e publicado na última sexta-feira na revista médica 'The Lancet' mostra, segundo os autores, que a cloroquina e a sua derivada hidroxicloroquina não beneficiam os pacientes hospitalizados e até aumentam o risco de morte e de arritmia cardíaca.
Assim, recomenda que estes tratamentos não devem ser prescritos à margem dos ensaios clínicos.
Na sequência desta publicação, a Organização Mundial da Saúde já anunciou a suspensão preventiva dos ensaios clínicos que está a realizar com os seus parceiros em vários países.
"A nossa recomendação é muito clara. A cloroquina ou a hidroxicloroquina só deve ser usada no contexto de ensaios clínicos para os resultados poderem ser monitorizados de perto. Como organização técnica e especializada da União Africana, só podemos esperar que os países sigam as orientações das suas organizações", disse.
John Nkengasong abordou ainda com os jornalistas a situação da pandemia na Tanzânia, onde informações dão conta de que os dados sobre os casos e mortes por covid-19 não são atualizados há mais de um mês.
A última atualização refere que os casos são pouco mais de 500, com 21 mortes, mas a oposição afirma que há mais de 400 mortes só em Dar es Salaam.
Na quarta-feira, disseram aos jornalistas que acreditam que o número real de casos na Tanzânia se situa entre 16.000 e 20.000.
O diretor do África CDC disse estar a acompanhar a situação no país com muita atenção e apelou aos países para que partilhem dos dados diariamente.
O número de mortos em África pela covid-19 aumentou para 3.696 nas últimas 24 horas, mais 107, em mais de 124 mil casos de infeção em 54 países, de acordo com dados sobre a pandemia naquele continente.
Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de mortos subiu nas últimas 24 horas de 3.589 para 3.696 (+107), enquanto os casos de infeção aumentaram de 119.391 para 124.482 (+5.091).
O número total de doentes recuperados subiu de 48.618 para 51.095 (+2.477).
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 352 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas.
Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
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