"Não se pode excluir" que caso de Floyd beneficie Trump
O investigador do Instituto Português de Relações Internacionais Carlos Gaspar diz que "não se pode excluir" que a onda de protestos contra a violência policial após a morte do afro-americano George Floyd possa beneficiar o Presidente norte-americano, Donald Trump.
© Reuters
Mundo Investigador
"O que está a acontecer e a forma como Trump pretende responder pode não o prejudicar por causa do grande aumento da direita racista e supremacista branca nos Estados Unidos", afirmou o especialista em Política Internacional, em declarações à agência Lusa.
Questionado sobre se esta resposta dada pelo Presidente dos Estados Unidos à onda de protestos, com recurso à Guarda Nacional dos Estados Unidos, o poderá mesmo beneficiar, tendo em vista as eleições presidenciais norte-americanas marcadas para novembro, Carlos Gaspar disse à Lusa que "não se pode excluir essa hipótese".
"A reação de Trump em dizer para 'começarem a disparar' agrada a essas áreas da opinião pública americana [de extrema-direita]", acrescentou o investigador, realçando também o "apoio considerável da opinião pública, segundo as sondagens", de que o líder dos Estados Unidos dispõe atualmente.
Para Carlos Gaspar, esta onda de protestos por várias cidades norte-americanas e até europeias -- como Londres ou Berlim -- justifica-se com a "situação chocante" da morte de George Floyd, com uma "violência de grande dimensão".
"Isto insere-se num contexto muito antigo de violência policial nos Estados Unidos para com cidadãos afro-americanos, mas este é um caso ainda mais óbvio", dadas as imagens que circularam na internet, apontou.
"Cada vez que há um caso destes, aumenta a raiva das comunidades atingidas e o que se torna aqui claro é que a morte foi provocada" pelo agente da polícia, observou Carlos Gaspar, considerando "insuportável que haja este nível de racismo na América".
Já questionado sobre se o caso se tornou ainda mais polémico pelas dificuldades que os Estados Unidos enfrentam devido à pandemia de covid-19, numa altura em que mais de 40 milhões de trabalhadores no país pediram subsídio de desemprego, o especialista rejeitou esta relação.
"Não vejo que tenha tido uma relação determinante. Pode haver gente mais frustrada, mas o que pesou aqui foram mesmo os contornos da situação" referiu..
Na origem dos protestos que se têm realizados nos Estados Unidos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia na passada segunda-feira, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis, no estado de Minnesota.
Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos 'online', um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd, durante mais de oito minutos.
Os quatro foram já despedidos da força policial e um deles, o que prendeu George Floyd, foi acusado de homicídio involuntário.
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