Talibãs afegãos ainda mantêm ligações à Al-Qaida, diz ONU
Os talibãs do Afeganistão ainda mantêm ligações próximas com a rede terrorista Al-Qaida, apesar de no acordo de paz assinado com os Estados Unidos se comprometerem a combater esses grupos, indica um relatório da ONU divulgado hoje.
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Mundo ONU
O acordo de paz entre Washington e os talibãs assinado no Qatar em fevereiro visa permitir a saída gradual das tropas norte-americanas do Afeganistão após 19 anos de guerra e abrir caminho para negociações entre os afegãos que definam o futuro político do país.
No acordo, os talibãs prometem combater outros grupos terroristas -- incluindo a Al-Qaida que acolheram no final dos anos 1990 -- e impedir que os militantes utilizem o território afegão para organizar ataques aos Estados Unidos.
Segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press, os pormenores do compromisso antiterrorista dos talibãs nunca foram divulgados e Zalmay Khalilzad, enviado especial dos Estados Unidos e arquiteto do acordo, considerou que o sigilo era necessário.
Na segunda-feira, Khalizad disse a jornalistas em Washington que o compromisso dos talibãs é específico "em termos de presença, treino, recrutamento, angariação de fundos no território que atualmente controlam".
Insistiu que "foram feitos progressos" e que os passos futuros dos Estados Unidos "em termos de redução da força e compromissos relacionados" dependem dos talibãs cumprirem o seu compromisso.
O comité da ONU por trás do relatório disse que várias destacadas figuras da Al-Qaida foram mortas nos últimos meses, mas que alguns líderes do grupo, que foi dirigido por Usama Bin Laden, continuam no Afeganistão.
O relatório indica que mantêm ligações com a temida rede Haqqani, aliada dos talibãs, e que ainda desempenham um papel significativo nas operações dos talibãs.
Os talibãs ainda não comentaram o relatório da ONU, mas críticos do acordo entre o movimento e os Estados Unidos manifestaram preocupação com o facto de ser vago, alertando que dificulta a monitorização do seu cumprimento pelos talibãs.
Michael Kugelman, director adjunto do centro de investigação Wilson Center em Washington, considera que um dos "muitos problemas" do acordo "é que as exigências aos talibãs em termos de contraterrorismo estão redigidas de forma muito vaga".
Assinalando que o acordo nem sequer nomeia a Al-Qaida, Kugelman disse que "no mínimo, Washington devia exigir que os talibãs acabassem com qualquer comunicação com figuras importantes da Al-Qaida".
O relatório da ONU regista, no entanto, a contribuição talibã na luta contra o grupo local ligado ao extremista Estado Islâmico, que tem realizado ataques terríveis na capital, Cabul. É-lhe atribuído o brutal ataque a uma maternidade no mês passado, que matou 24, principalmente jovens mães e dois recém-nascidos.
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