UE espera que população possa assinalar massacre de Tiananmen

A diplomacia da União Europeia (UE) disse hoje esperar que a população em Hong Kong e Macau possa assinalar "livremente" e de "forma apropriada" a memória do massacre de Tiananmen, apesar das restrições das autoridades devido à covid-19.

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© Reuters

Lusa
03/06/2020 12:11 ‧ 03/06/2020 por Lusa

Mundo

Hong Kong

"<span class="nanospell-typo">Hong Kong e Macau têm uma longa tradição de comemorações sobre o massacre de Tiananmen de 1998 [...] e estas comemorações são um forte sinal de que as liberdades fundamentais continuam a ser protegidas", começou por dizer a porta-voz da Comissão Europeia para a área dos assuntos externos e política de segurança, Virginie Battu-Henriksson.

Respondendo aos jornalistas na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, a porta-voz indicou que a UE "toma nota das restrições colocadas este ano às comemorações por razões sanitárias", mas acrescentou acreditar que, "ainda assim, as pessoas de Hong Kong e de Macau serão livres para assinalar a data de forma apropriada".

"Um compromisso claro de respeito pelas liberdades fundamentais é mais importante do que nunca à luz dos recentes acontecimentos", frisou Virginie Battu-Henriksson.

Recordando o massacre que ficou conhecido como Tiananmen, nome dado à praça onde aconteceu em 1998, a responsável apontou que, na altura, o ataque contra os estudantes que se manifestavam na praça "chocou o mundo e o Conselho Europeu que, reunido em Madrid, condenou a brutal repressão".

"Já passaram mais de 20 anos e a UE continua solidária com as vítimas, manifestando as condolências às famílias. O número de vítimas nunca foi confirmado, mas devemos continuar a homenagear a sua memória", frisou Virginie Battu-Henriksson.

E adiantou: "Só podemos honrar a história se aprendermos com ela".

Na passada segunda-feira, a Polícia de Hong Kong proibiu uma vigília em memória do massacre de Tiananmen, agendada para hoje, por considerar que esta violaria as medidas de prevenção relacionadas com a covid-19, seguindo restrições anteriormente aplicadas por aquele Governo.

Apesar desta proibição, os organizadores da vigila apelaram aos habitantes de Hong Kong para acenderem velas na cidade e manterem a distância de segurança.

Em Macau, a vigília também foi proibida e as autoridades alegaram as mesmas razões, a prevenção contra a pandemia, apesar de o território não registar casos há cerca de dois meses.

Hong Kong e Macau são os únicos locais na China onde têm sido autorizadas manifestações sobre o massacre de Tiananmen, um acontecimento que continua a não ser reconhecido por Pequim.

No antigo território britânico, a vigília atrai dezenas de milhar de pessoas, e no antigo território administrado por Portugal, algumas centenas.

Hong Kong e Macau foram as últimas parcelas do território da China sob administração estrangeira.

A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre a antiga colónia britânica de Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio "Um País, Dois Sistemas", que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o seu modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.

As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.

 

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