"Verificou-se que duas mulheres eram suspeitas de violar as instruções relevantes deste departamento e realizaram atividades de manifestação", indicou o Corpo de Polícia de Segurança Pública.
"Como as duas mulheres mencionadas acima eram suspeitas de violar as leis de 'Direitos de reunião' (...), a polícia levou-as a este departamento para uma investigação mais aprofundada", acrescentou-se na mesma nota.
As detenções aconteceram por volta das 22:30 (15:30 em Lisboa), no largo do Leal Senado, local onde normalmente se realiza a vigília para lembrar os milhares de mortos no dia 04 de junho de 1989, um acontecimento que Pequim até aos dias de hoje não reconhece.
As duas mulheres são filhas do deputado pró-democracia Au Kam San, um dos organizadores da vigília, que desta vez teve ser feita na casa da sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, porque as autoridades proibiram a vigília para assinalar no território o massacre de Tiananmenn.
A decisão policial foi justificada com o risco pandémico que se vive no território, uma justificação validada pelo Tribunal de Última Instância. Macau não regista casos novos há cerca de dois meses e teve no total 45 infetados com a covid-19.
Um dia antes, na quinta-feira, a Polícia de Segurança Pública de Macau avisou que não iria tolerar atividades que violassem a proibição de reuniões públicas instaurada para combater a pandemia de covid-19, recordando as sanções aplicáveis.
A data foi assinalada, com transmissão 'online', por cerca de 10 pessoas em Macau dentro de uma casa, a sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostram um relativo aparato policial com as autoridades a pedirem a identificação às pessoas que se encontravam no largo do Leal Senado e a pedirem que dispersassem.
A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre a antiga colónia britânica de Hong Kong.
Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio "Um País, Dois Sistemas", que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o seu modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.
As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.