Num comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos evoca os intensos combates na zona oeste da Líbia e na capital, Tripoli, advertindo que uma vez mais são os civis que sofrem as piores consequências da guerra.
Segundo a AI, tanto as milícias aliadas do governo de acordo nacional (GAN), apoiado pela ONU, como as forças sob o comando do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia, terão cometido crimes como "saques, ataques indiscriminados e colocação de minas antipessoais em edifícios civis".
"A Amnistia Internacional analisou dezenas de incidentes com base em testemunhos, fotografias, vídeos e imagens de satélite. A organização insta todas as partes envolvidas no conflito (...) a pararem imediatamente os ataques a civis e outras violações da lei internacional humanitária, incluindo as realizadas para punir civis por alegadas ligações a grupos rivais", refere o comunicado.
Diana Eltahawy, diretora regional adjunta da AI para o Norte de África e Médio Oriente, criticou "os ataques de represália e outras graves violações que mostram absoluto desprezo pelas leis da guerra e a vida dos civis".
A organização critica também a ingerência de países como a Rússia, Turquia e Emirados Árabes Unidos, que acusa de violação sistemático do embargo internacional de armas imposto pela ONU em 2011.
Pede ainda ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que crie urgentemente uma comissão de investigação para inquirir sobre os abusos na Líbia.
A Líbia mergulhou no caos desde a queda em 2011 do regime de Muammar Kadhafi.
Desde abril de 2019, centenas de pessoas, incluindo numerosos civis, foram mortos nos combates da ofensiva a Tripoli, comandada por Haftar, e cerca de 200.000 foram obrigados a fugir.
Na quarta-feira, a ONU anunciou o reinício das negociações entre os beligerantes líbios, suspensas há mais de três meses. Todas as anteriores tentativas de se conseguir um cessar-fogo duradouro falharam.