Moscovo diz ser "provocação" expulsão de diplomatas pela República checa
Moscovo considerou hoje uma "provocação" a expulsão de dois dos seus funcionários diplomáticos de Praga, que os acusou de falsos rumores sobre supostos planos de envenenamento de políticos locais.
© Reuters
Mundo Rússia
"Trata-se de uma provocação orquestrada e uma decisão hostil que se baseou desde o início em acusações infundadas surgidas nos media", declarou em comunicado a embaixada russa.
De acordo com a posição russa, a expulsão dos seus diplomatas "evidencia a ausência de vontade de Praga em normalizar as relações bilaterais, que se deterioraram nos últimos tempos e não por culpa da Rússia".
"Estamos profundamente dececionados por esta atitude dos nossos parceiros checos, que deixa cada vez menos espaço para um diálogo construtivo", conclui anota oficial publicada na página digital da embaixada.
A República Checa anunciou hoje a expulsão de dois diplomatas russos após um funcionário da embaixada da Rússia ter divulgado um rumor sobre um ataque planificado com veneno contra três políticos de Praga, segundo declarou o primeiro-ministro checo.
"Um empregado da embaixada enviou informações deliberadamente inventadas ao [serviço de informações] BIS sobre um ataque planificado contra políticos checos", declarou aos media o primeiro-ministro Andrej Babis.
"Adotámos medidas apropriadas e adequadas e declarámos dois membros do pessoal da embaixada 'persona non gratae'", acrescentou, sem revelar as suas funções e identidades.
Em abril, o semanário checo Respekt citou frontes dos serviços de informações indicando que um cidadão russo que utilizava um passaporte diplomático tinha recentemente chegado a Praga com ricina, um veneno tóxico.
Em resposta, Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, qualificou na segunda-feira de "desinformação" a investigação do Respekt.
No momento da publicação do artigo no Respekt, três políticos de Praga -- o presidente da câmara municipal, Zdenek Hrib, o presidente do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar, e o presidente do distrito de Praga-Reporyje, Pavel Novotny -- foram colocados sob proteção policial por terem irritado a Rússia, segundo os media.
Em abril, Colar ordenou em abril a retirada de uma estátua da época comunista dedicada ao general Ivan Konev, que chefiou as tropas do Exército Vermelho que libertaram Praga dos nazis em 1945, mas também considerado por muitos checos como um símbolo do domínio soviético.
Por sua vez, Hrib apoiou a alteração do nome da praça em Praga onde está situada a embaixada da Rússia, para lhe conceder o nome do líder da oposição russa Boris Nemtsov, assassinado em 2015.
Por fim, o bairro de Novotny instalou um memorial dedicado ao exército do genral Andrei Vlassov, integrado por soldados soviéticos que, feitos prisioneiros, combateram ao lado dos alemães antes de se rebelarem nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial e participarem na libertação de Praga em maio de 1945.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, definiu na ocasião de "impensáveis" as acusações emitidas contra a Rússia pela República checa e exigiu provas a Praga e que comprovassem as informações difundidas pelos media locais.
Estas decisões agravaram as medíocres relações entre Praga e Moscovo, com o Kremlin a denunciar uma lógica de "desinformação" e de "rumores jornalísticos".
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